88% dos médicos disseram que as crianças apresentam alterações comportamentais. Já entre ginecologistas, mais de 80% disseram que as gestantes têm medo de pegarem Covid-19 nas consultas de pré-natal. Pesquisa foi feita em conjunto pela Febrasgo e Sociedade Brasileira de Pediatria. Pesquisa aponta que 73% das crianças não estão sendo vacinadas
73% dos pediatras brasileiros afirmam que as crianças estão deixando de ser vacinadas por causa da pandemia de Covid-19, mostra uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (19) pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
“Nós consideramos que as crianças não devem deixar de cumprir seu calendário vacinal durante a pandemia. Elas precisam ser vacinadas”, ressaltou a pediatra Luciana Rodrigues Silva, presidente da SBP.
Ainda de acordo com o estudo, que aplicou um questionário a 1.575 médicos em todo o país, 88% dos pediatras disseram que as crianças apresentaram alterações comportamentais. As oscilações de humor foram apontadas como a alteração mais frequente (3 a cada 4 respostas).
“Crianças precisam de estímulos: brincadeira, atividade fisica – na pandemia, elas também ficaram confinadas, o que foi prejudicial não só para maior irritabilidade, perda de atenção, como maior tempo de tela em frente aos computadores, aos telefones”, afirmou Luciana.
Ao todo, 951 pediatras e 574 ginecologistas em todos os estados do país e no Distrito Federal responderam às perguntas, entre 20 de julho e 16 de agosto.
Riscos entre gestantes
Mulher grávida é vista de máscara durante a pandemia de Covid-19 em Waltham, nos EUA
Charles Krupa/AP
Entre os ginecologistas, mais de 80% disseram que as gestantes têm medo de pegar Covid-19 nas consultas de pré-natal, e 3 a cada 4 afirmaram que as pacientes temem ser infectadas na internação para o parto.
“A mulher grávida tem um risco muito maior de agravamento da doença do que se ela não estivesse grávida. No Brasil, nós temos um índice de mortalidade materna por Covid assustador – e isso é certamente pela assistência inadequada que nós damos às grávidas de forma geral. Por isso elas estão falecendo mais”, explicou.
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Apesar dos riscos próprios da gravidez, a pesquisa constatou que o maior temor entre as mães foi o de passar a Covid-19 para o bebê ainda na barriga, segundo uma outra pergunta, de resposta aberta.
“A grávida não está preocupada com ela – ela coloca suas preocupações pessoais em segundo plano. Nenhuma grávida falou: ‘eu tenho medo de pegar Covid porque eu tenho medo de morrer’. O medo é com os riscos que traz ao bebê – medo de ir às consultas, de internar pro parto”, afirmou o diretor científico da Febrasgo, César Eduardo Fernandes.
O ginecologista frisou a necessidade de realização, no tempo adequado, do pré-natal, inclusive para evitar outras doenças, como a sífilis congênita.
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