Gianecchini cita pansexualidade ao defender ‘liberdade de ser o que quiser’

Um dos protagonistas da novela “A Dona do Pedaço“, exibida no Brasil em 2019 pela Rede Globo e que, rebatizada como “Dulce Ambición”, estreou na segunda-feira (31) nos Estados Unidos no canal em língua espanhola “Univision”, o ator Reynaldo Gianecchini falou em entrevista à Agência Efe sobre sua participação na trama e também sobre sexualidade e o momento de transformação pelo qual vê o mundo passar, com a quebra de paradigmas. “Estamos em um momento muito importante para quebrar várias coisas negativas, como o racismo, a homofobia e os padrões que impedem que as pessoas sejam como são. Um momento para que as pessoas não sejam mais julgadas ou discriminadas, que não sejam afastadas porque são diferentes da maioria. Se tenho alguma luta, é pela liberdade”, afirmou.

Na entrevista, o ator se declarou “muito consciente” do impacto de já ter falado publicamente sobre a própria sexualidade. “Nunca quis levantar nenhuma bandeira. Acredito na liberdade de ser o que cada um quiser ser. Acredito que todo mundo tem muitos lados dentro de si mesmo e que a sexualidade reflete muito isso. Não tenho medo de olhar além. Eu não me encaixo em nenhuma definição”, argumentou. “Dizem que sou gay, mas não me considero assim. Eu me considero tudo ao mesmo tempo. Se existir uma palavra para mim, então é ‘pan’ (pansexual), porque ‘pan’ é tudo”, comentou.

O ator, de 47 anos, que foi casado com a jornalista Marília Gabriela entre 1998 e 2006, afirmou reconhecer o impacto que a sua decisão de abrir as portas para a própria sexualidade teve desde que concedeu uma entrevista sobre o assunto, em setembro de 2019. “Acho que o papel do artista também é de se comunicar de uma forma que possa ajudar a sociedade. Acredito nisso”, analisou. Gianecchini estreou como ator de novelas no ano 2000, quando interpretou o jovem estudante de medicina Edu em “Laços de Família“, e não tem o costume de olhar para trás. O câncer que descobriu em 2011 o deixou ancorado no presente. Ao se ver em capítulos antigos, a sensação é, às vezes, é de “desespero”. “Às vezes, gostaria de poder voltar a interpretar o Edu, com toda a experiência como ator que tenho agora. Algumas cenas ficaram horríveis”, confessou o ator, embora reconheça que a “inocência” tenha sido um dos motivos pelos quais se apaixonou pelo personagem.

‘A Dona do Pedaço’

A última novela de Gianecchini antes da pandemia de Covid-19 foi justamente “A Dona do Pedaço”, no papel de Régis, um vilão inicialmente típico, mas que ao longo da história desenvolve uma complexidade inesperada. “Gosto muito do Walcyr Carrasco (autor da trama), porque, geralmente, os personagens dele nunca são uma coisa só, tem de tudo dentro deles. Meu personagem muda muito. Ele começa querendo se aproveitar de uma mulher que é maravilhosa, encantadora e que inspira muita gente. Então ele começa a se inspirar também, e a grande pergunta é se vai conseguir dar o golpe”, disse.

Na opinião de Gianecchini, o sucesso de “A Dona do Pedaço” reforça o formato das novelas brasileiras. “Tem gente que diz que esse tipo de novela vai acabar, por ser algo muito longo, complicado, com muitos capítulos. Sim, é uma loucura continuar fazendo novelas enquanto as séries de hoje são curtas e dão a oportunidade de cuidar mais dos detalhes, com qualidade”, refletiu. No entanto, o ator afirmou que seria “um erro” acabar com as novelas, porque “as pessoas no Brasil e na América Latina têm a cultura de novela, estão acostumadas com esse estilo”.

*Com EFE

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