Desde que se mudou para um condomínio na Zona Sul de São Paulo, há dois anos, a doula Flávia Arone tem enfrentado problemas com a moradora do apartamento de cima por causa de barulho. Com a pandemia do coronavírus, a situação só piorou. A Flávia até tentou conversar com a vizinha, mas não adiantou: “Depois de algumas ligações mal educadas e resolvi procurar a portaria para essa mediação. Na pandemia, por exemplo, que a gente evita usar os calçados dentro de casa e muitos moradores deixam os sapatos no tapete de entrada, os meus acabaram destruídos.” O número de reclamações entre vizinhos de condomínios triplicou desde o início da quarentena, em março.
Em São Paulo, dados da Associação de Bens Imóveis e Condomínios apontam uma alta ainda maior para o período: as reclamações cresceram em 200%. O principal motivo é o barulho nos apartamentos, principalmente em relação a obras. A especialista em Direito Condominial, Maria Lúcia Robalo, conta os passos que podem ser seguidos na tentativa de resolução do problema: “O incomodado é que tem que procurar a Justiça. A pessoa normalmente faz uma notificação e for algo que atinja muitos moradores pode acabar recebendo uma multa.”
Conflitos que não conseguem ser resolvidos e viram ação judicial acabam parando na justiça: só em 2019, 77 milhões de processos terminaram o ano em tramitação. Nesses momentos, buscar ajuda externa para o diálogo pode ser uma solução. A mediadora Maria Antonieta Prado diz que busca pontos em comum para viabilizar a melhor solução: “O cerne do problema pode não ser só esse, pode envolver outros fatores, como modo de vida das pessoas, os hábitos e vamos analisar para criar um cenário que seja propício para a construção de soluções.” No caso da Flávia Arone, ainda não foi preciso contratar ajuda externa: após orientações do síndico, ela tenta resolver a questão internamente.
*Com informações da repórter Nanny Cox.
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