Universidade diz que ele colaborou com a instituição e foi uma figura importante para a comunidade acadêmica. Dom Pedro Casaldáliga morava em São Félix do Araguaia e era uma das figuras mais importantes da região
Celso Junior/Estadão Conteúdo/Arquivo
Como forma de homenagem, a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) deu o nome de Dom Pedro Casaldáliga, que faleceu no dia 8 de agosto, ao campus da instituição, em Luciara (MT), na região do Médio Araguaia. Segundo a universidade, ele colaborou com a instituição e foi uma figura importante para a comunidade acadêmica.
A decisão foi tomada na quarta-feira (2), durante sessão online do Conselho Universitário (Consuni) da Unemat.
Esta foi a primeira sessão online em decorrência da pandemia da Covid-19.
Participaram da reunião 45 conselheiros, representando os três segmentos da comunidade acadêmica de todos os campus da Unemat. A abertura da sessão foi presidida pelo reitor Rodrigo Zanin.
Dom Pedro Casaldáliga faleceu no interior de São Paulo, aos 92 anos, após ser internado com problemas respiratórios e agravamento da doença de Parkinson.
O legado do religioso está entrelaçado com a história da Unemat, uma Universidade criada para atender à população do interior do Estado.
O primeiro título de Doutor Honoris Causa concedido pela Unemat foi entregue ao Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, em janeiro de 2018.
O título honorífico foi reconhecimento à luta pela permanência do campus da Unemat no município de Luciara, no Araguaia, uma entre tantas batalhas que o Bispo Emérito travou para que as populações mais pobres e indígenas da região tivessem consciência de seus direitos e lutassem por eles.
Com a homenagem, unidade passou a se chamar Campus Universitário do Médio Araguaia Dom Pedro Casaldáliga
Divulgação
Segundo Dom Pedro, em 1991, a decisão da Unemat de se fixar em Luciara, distante a 100 quilômetros de São Félix do Araguaia, foi de grande ajuda para mudar o perfil da região, que era conhecida como Vale dos Esquecidos.
Alinhado com a Teologia da Libertação, sua trajetória foi marcada pela luta por uma educação laica, mista e libertadora, Reforma Agrária, erradicação do trabalho escravo e reconhecimento dos direitos dos povos indígenas.
Pere Casaldáliga i Pla nasceu em Balsareny, província de Barcelona, em 16 de fevereiro de 1928. Em 1968, quando se mudou para o Brasil, tinha a incumbência de fundar uma missão pela congregação religiosa a que pertenceu – Congregação dos Missionários Claretianos.
Fundador da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, Dom Pedro ganhou notoriedade internacional ao denunciar atos de madeireiros, policiais e grandes proprietários rurais no regime militar contra posseiros, peões e povos indígenas.
Autor de inúmeros livros, Dom Pedro teve ao longo dos anos sua trajetória retratada por vários autores em obras como “Nós, do Araguaia: Dom Pedro Casaldáliga, bispo da teimosia e liberdade”, “São Félix/Brasil: Uma Iglesia que lucha contra la injusticia” e “Descalço sobre a terra vermelha”, de Francisco Escribano, que dá origem ao filme de mesmo nome ganhador do Prêmio Gaudi em 2015.
Com a saúde bastante debilitada, em função da doença de Parkinson, responsável pela sua renúncia à Prelazia em 2005, Dom Pedro Casaldáliga viveu seus últimos anos em São Félix do Araguaia, em companhia de freis agostinianos.
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