Cerca de 11 milhões de brasileiros são considerados analfabetos. Isto representa 6,6% da população com mais de 15 anos que não sabe ler nem escrever uma simples mensagem. Os dados foram divulgados pelo IBGE em julho e são resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada em 2019. Esta realidade está mais presente no Nordeste do país, onde 13,9% da população é analfabeta. Em seguida, aparece a região Norte com 7,6%, Centro-Oeste com 4,9% e os menores índices estão no Sul e Sudeste com 3,3%.
Para o presidente da Associação Brasileira de Alfabetização e professor da Universidade do Estado de Santa Catarina, Lourival José Martins Filho, os números representam a desigualdade social que ainda impera em nosso país. “A alfabetização de crianças, jovens, adultos e idosos precisa ser encarada como política de estado e não apenas realizada por programas episódicos eleitoreiros ou governamentais. A aprendizagem da leitura e da escrita ainda não é um direito de todos e mostra que o país continuará patinando no cenário mundial e na economia global”, alertou.
Além do analfabetismo, outro dado preocupante é aquele em que a pessoa até sabe ler e escrever, mas não é capaz de compreender e interpretar o que está lendo. Neste caso, os números disparam! Três em cada 10 brasileiros, na faixa de 15 a 64 anos, são considerados analfabetos funcionais, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional, que é um levantamento nacional feito pelo Instituto Paulo Montenegro, em parceria com a ONG Ação Educativa.
Entre as metas do Plano Nacional de Educação, até 2024, está a de acabar com a taxa de analfabetos no país e reduzir em 50% o índice daqueles que não conseguem interpretar o que estão lendo e escrevendo. O PNE estabelece as diretrizes, objetivos e estratégias para o desenvolvimento da Educação. Porém, uma dessas metas, que previa a redução da taxa de analfabetos para 6,5% em 2015, não foi cumprida.
Apesar disso, os últimos levantamentos do IBGE mostram que o índice de analfabetismo está diminuindo, ainda que lentamente. Em 2016 estava em 7,2%, caiu para 6,9% em 2017, 6,8% em 2018 e chegou a 6,6% em 2019. Estes números chamam a atenção para o fato de que, se o Brasil seguir essa tendência de queda nos índices, é provável que consiga atingir, só agora em 2020, a meta que era para ter atingido cinco anos atrás.
Quanto à erradicação do analfabetismo até 2024, como prevê o Plano Nacional de Educação, o professor Lourival Martins explica que isso só será possível se houver colaboração entre as três esferas de governo. “União, estados e municípios precisam reconhecer o protagonismo de professores e professoras e entender que não se faz política de alfabetização de cima pra baixo. Não é para o professor, é com o professor. Quando a educação básica e os profissionais que nela atuam realmente forem valorizados, o cenário pode mudar”, destacou.
Além das ações educacionais, o professor alerta sobre a necessidade de melhorar as condições de emprego, renda e dignidade da população, como forma de acelerar a implementação das políticas de alfabetização. Tá explicado? Até a próxima!
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