O norte-americano Mauricio Claver-Carone foi eleito neste sábado, 12, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), quebrando a tradição de 60 anos de ter um nome da América Latina na direção da entidade. Claver-Carone assume o mandato de 5 anos em outubro. A Argentina, europeus e o México chegaram a articular um boicote à eleição do americano, que foi frustrado após movimentos do presidente dos EUA, Donald Trump, para desmobilizar a resistência ao seu indicado.
Diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Claver-Carone é responsável pela retórica anti-socialista e pela política mais linha dura do governo Trump com relação a Cuba, Venezuela e Nicarágua. Desde a criação do BID, em 1959, a presidência do principal banco de desenvolvimento para a América Latina ficou com um dos países da região. Por já serem os maiores acionistas, os EUA costumam ficar de fora do rodízio de presidentes do banco, neste ano Trump quebrou a tradição, em um gesto que incomodou parte dos países. Na sexta-feira, 11, depois que o México desistiu da tentativa de adiar a eleição, os argentinos retiraram a candidatura à presidência do banco e Claver-Carone passou a ser o único candidato para a eleição, que aconteceu neste sábado.
O atual presidente, Luis Alberto Moreno, foi eleito em 2005 e reeleito em 2010 e, novamente, em 2015. A indicação de Carone atropelou o desejo do Brasil, que vinha trabalhando por uma candidatura própria e esperava ter o apoio dos EUA na disputa. A proximidade do presidente Jair Bolsonaro com Trump e a rejeição dos americanos a uma indicação do governo do argentino Alberto Fernández pareciam abrir o caminho para a eleição de um brasileiro ao cargo. O posto era visto pelo Ministério da Economia como uma forma de ganhar influência na região.
Em junho, no entanto, os EUA surpreenderam ao anunciar a candidatura própria e o Brasil apoiou a Casa Branca. O País também ficou de fora das mobilizações para conter a eleição de Carone, o que atrapalhou os planos dos demais países. Para postergar a eleição, seria necessário que 25% ou mais dos votantes estivessem ausentes no dia da eleição. A ideia era postergar a escolha do presidente para 2021, depois da eleição americana.
*Com Estadão Conteúdo
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