Em 2019, a Sodiê Doces já era uma das maiores franquias de bolos do Brasil quando a fundadora Cleusa Maria da Silva recebeu do filho, Diego Rabaneda, o projeto para lançar uma nova rede focada em cafés e lanches. O primeiro passo tinha sido dado dois anos antes, com a abertura de uma fábrica de salgados para abastecer os franqueados, mas a situação econômica do país à época não era favorável, e a ideia foi engavetada. O plano voltou à pauta no início deste ano e a abertura da primeira unidade da Sodiê Salgados já estava encaminhada. Até que, em março, a economia mundial sucumbiu ao novo coronavírus, e o projeto foi novamente adiado. Desta vez, não por muito tempo: mesmo em meio às incertezas da pandemia, a Sodiê vai inaugurar nesta terça-feira, 15, a sua primeira unidade de cafés e salgados na capital paulista, no bairro do Tatuapé. O empreendimento contará com mais de 25 receitas próprias e exclusivas.
“Bons empreendedores são corajosos. Fizemos tudo com todos os cálculos de riscos, mas é preciso ter coragem. Se não as pessoas se acomodam e as coisas não vão para frente. Se todos ficarem com medo e ninguém der um passo, o país para de vez. Queremos que as pessoas acreditem que tudo isso vai passar”, afirma Cleusa. O plano prevê a expansão de 50 pontos até 2022. Para dar suporte, a Sodiê vai ampliar para 4.400 metros quadrados a fábrica de salgados em Boituva, no interior de São Paulo, com investimento de R$ 7 milhões. “Já temos dez lojas vendidas, todas no estado de São Paulo. O início se dará pelo estado, e depois iremos expandir para outras regiões, como foi com as franquias de doce”, afirma a fundadora. O otimismo é impulsionado pela boa aceitação dos salgados, que já são vendidos nas unidades tradicionalmente conhecidas pelas ofertas de bolos e doces. Segundo a responsável pela marca, o pedido de coxinhas, empadas, quiches, entre outros, cresceu 40% em meio à pandemia. “O próprio cliente começou a pedir, e, quando você cria um produto, é preciso dar continuidade. Nós gostamos do desafio e sabemos que o momento é complicado, mas acreditamos que há espaço para crescer. Infelizmente, várias lojas fecharam, e pretendemos ocupar esse mercado.”
Apesar de carregar o nome da franquia de bolos, a Sodiê Salgados funcionará de forma diferente da rede original. Enquanto na Sodiê Doces cada unidade possui a sua cozinha, na nova rede todos os alimentos serão preparados na fábrica de Boituva e em uma cozinha que a marca pretende abrir na capital paulista. “O franqueado vai poder esquentar o salgado na hora, mas ele já será enviado pronto. É uma formatação diferente da feita na Sodiê Doces”, explica Cleusa. A logística, porém, pode ser um percalço para a expansão da rede para regiões distantes de São Paulo. “Ainda vamos entender como faremos. A nossa fábrica e a nossa cozinha atenderão as unidades do estado”, diz a empresária.
Depois do susto causado pela paralisação das atividades em março e abril, a rede viu no delivery a oportunidade para manter o giro de vendas. O sistema de entregas já havia sido lançado no ano passado, mas não representava 5% do comércio. Entre os meses de isolamento social, a venda por aplicativos saltou para 40% do total. A previsão é que a demanda por entregas cresça e alcance 60% nos próximos anos. Esse suporte do delivery segurou a expectativa de faturamento prevista antes da pandemia, com projeção de alta de 5% sobre os R$ 310 milhões registrados em 2019. “Em algumas regiões, as vendas até aumentaram, em outras elas caíram. Então, a pandemia não afetou negativamente o faturamento. Viemos de um processo de crise econômica nos últimos quatro anos, então não tínhamos expectativa de que as coisas fossem melhorar muito, sabemos que será um crescimento gradual”, completa Cleusa.
Se o faturamento não foi afetado, o mesmo não se pode dizer dos planos de expansão. Das 20 novas unidades previstas para 2020, apenas 7 sairão do papel – sendo uma delas na Flórida, a segunda franquia nos Estados Unidos da Sodiê Doces. Diante das incertezas, todas as projeções de abertura de novas unidades da rede no próximo ano foram suspensas. “Ainda não temos expectativas de expansão em 2021, mas com certeza será devagar”, prevê a empresária.
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