Presidente de Belarus será denunciado no Tribunal Penal Internacional

A oposição de Belarus revelou nesta terça-feira, 15, estar reunindo testemunhos para denunciar o presidente Aleksandr Lukashenko perante o Tribunal Penal Internacional (TPI), conforme anunciou Valeri Tsepkalo, pré-candidato à presidência que foi para o exílio após ele e sua família serem ameaçados. “Sabemos que as crueldades e assassinatos ocorridos foram cometidos por ordem direta de Lukashenko”, disse o opositor, em um vídeo postado no YouTube. Ex-embaixador de Lukashenko nos Estados Unidos e no México, Tsepkalo recorreu à oposição e não conseguiu registrar sua candidatura presidencial para as eleições do mês passado, pois a autoridade eleitoral alegou que ele não havia obtido as 100 mil assinaturas exigidas. “No momento, estamos coletando as informações necessárias. Coletamos depoimentos de pessoas que sofreram a repressão desse regime, principalmente nos primeiros dias das chamadas eleições presidenciais”, disse.

Tsepkalo pediu aos cidadãos que forneçam dados e documentos, que “serão apresentados em tribunais internacionais”. “São necessários fatos. Não bastam imagens, as pessoas devem se identificar, declarar quando, como e por quem foram detidas. Se isso não for possível, as circunstâncias da prisão devem ser detalhadas”, acrescentou. O opositor sublinhou que estes testemunhos documentados serão apresentados no Tribunal de Haia, para o qual trabalha um “grupo de juristas estrangeiros”. Ao mesmo tempo, manifestou sua confiança de que o regime de Lukashenko não tem muito tempo e que será o próprio povo de Belarus quem julgará seus crimes. A ONG Human Rights Watch (HRW) também denunciou, por meio de um comunicado, que milhares de pessoas foram arbitrariamente detidas após as eleições pelas forças de segurança, que “as sujeitaram sistematicamente a centenas de torturas e outros maus-tratos”. “As vítimas descreveram espancamentos, choques elétricos e, em pelo menos um caso, estupro”, disse HRW.

De acordo com a ONG, seis dos entrevistados foram hospitalizados e a polícia manteve os detidos sob custódia por vários dias, muitas vezes incomunicáveis, superlotados e sem condições de higiene. “A brutalidade radical da repressão mostra até que ponto as autoridades de Belarus são capazes de silenciar o povo, mas dezenas de milhares de manifestantes pacíficos continuam exigindo eleições justas e justiça para os abusos”, disse Hugh Williamson, diretor da HRW para a Europa e Ásia Central. A ONG apelou à ONU e à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (Osce) para “iniciar investigações urgentes” e levar à Justiça os responsáveis pelas graves violações dos direitos humanos em Belarus.

*Com informações da Agência EFE

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