Adolescente que atirou e matou Isabele é internada em unidade socioeducativa por determinação judicial em MT


Juíza determinou apreensão a pedido do MP, o qual entendeu que amiga de Isabele Ramos, de 14 anos, teve intenção de matá-la. Isabele Guimarães Rosa, de 14 anos, morreu ao ser atingida por tiro na cabeça no condomínio Alphaville, em Cuiabá
Instagram/Reprodução
A adolescente de 15 anos que atirou em Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, se apresentou na noite desta terça-feira (15) na Delegacia Especializada do Adolescente. Isabele morreu com um tiro no rosto, no dia 12 de agosto deste ano. O disparo foi feito pela jovem, que, durante as investigações, alegou ter sido involuntário.
A internação dela foi determinada pela juíza Cristiane Padim, da Vara da Criança e da Juventude. A decisão atendeu ao pedido do Ministério Público Estadual (MPE), que entendeu que a adolescente cometeu ato infracional análogo ao crime de homicídio doloso.
A defesa da adolescente informou que vai ingressar com um pedido de habeas corpus para tentar reverter a decisão judicial.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que menores que cometem atos infracionais análogos a crimes hediondos – como estupro e homicídio qualificado – sejam internados.
Logo depois da morte de Isabele, a polícia ouviu a adolescente. Ela alegou que subiu até o quarto dela, que fica no andar de cima do sobrado, para guardar a arma do namorado. Isabele estava no banheiro do quarto nesse momento. A adolescente disse que pegou o case – uma maleta onde estavam duas armas – e subiu obedecendo ao pai. Apesar de estar guardada, a arma estava carregada.
Segundo ela, uma das armas caiu no chão e a adolescente tentou pegar, mas se desequilibrou ao levantar e o objeto acabou disparando, quando ela estava do lado de fora de banheiro.
No entanto, a versão dela foi contestada por laudos periciais.
Para a polícia, a versão apresentada por ela era incompatível com o que aconteceu no dia da morte e que a conduta dela foi dolosa, porque, no mínimo, assumiu o risco de matar a vítima.
A adolescente que atirou tinha conhecimento sobre armas pois praticava tiro esportivo, de acordo com a polícia.
Além da adolescente, o namorado dela, de 16 anos, também foi indiciado por ato infracional análogo ao porte ilegal de arma de fogo, porque transitou armado sem autorização. Ele levou as armas para a casa da namorada, onde ocorreu o crime.
As armas eram do pai dele. Por causa disso, o pai dele também foi indiciado. Segundo a polícia, mesmo tendo alegado que não tinha conhecimento de que as armas tinham sido levadas pelo filho, ele foi indiciado por omissão de cautela na guarda de arma de fogo, já que teria obrigação de guardar as armas em local seguro.
Já o pai da adolescente que atirou, que é empresário, foi indiciado por posse de arma de arma de fogo, homicídio culposo, entrega de arma para adolescente, previsto no Estatuto do Desarmamento, e fraude processual.
Cena alterada
Para a polícia, o empresário, pai da adolescente, teve uma conduta que pode ter atrapalhado a investigação. “Quando a equipe do Samu chegou (na casa), havia apetrechos de armas em cima da mesa e ele pediu para que a mulher guardasse. Isso não poderia ter sido alterado”, disse o delegado Wagner Bassi, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que conduziu a investigação.
A cápsula da bala que atingiu a adolescente na cabeça também foi movimentada depois do crime pelo filho dele, que é irmão gêmeo da adolescente que atirou, o que pode ter atrapalhado a investigação.
Quatro policiais, sendo um delegado, dois investigadores da Polícia Civil, e um policial militar que foram até a casa depois do crime são investigados por improbidade administrativa.
Reconstituição
A reconstituição da morte de Isabele foi feita entre 18 e 19 de agosto, na casa da menina que atirou. O processo durou sete horas, e a adolescente não participou. A defesa alegou que ela não estava em condições psicológicas.
A jovem que atirou foi representada por uma atriz que tinha estatura e pesos compatíveis.
Foram reproduzidos todos os movimentos realizados pelos envolvidos no caso para apontar a compatibilidade das versões apresentadas na investigação. A simulação foi feita com três disparos.
A reprodução também contou com um grupo de 41 profissionais entre investigadores, escrivães, delegados e peritos.

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