O Ibovespa dá continuidade à queda registrada na quarta-feira (16), quando cedeu 0,62%, abandonando a marca psicológica dos 100 mil pontos (99.675,68 pontos) e acompanhando o tom negativo no exterior. Investidores avaliam o desfecho das reuniões de política monetária no Brasil, nos EUA, no Japão e na Inglaterra, mas sobretudo o tom de alguns comunicados, em especial o do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Além disso, segue preocupando com o rumo do fiscal no Brasil, depois que o Copom manteve sua avaliação sobre o assunto, enquanto o mercado vê risco maior especialmente no momento de aceleração da inflação mensal. Às 10h56, o Ibovespa caia 0,51%, aos 99.166,77 pontos. “A decisão do Fed veio como o esperado, mas o mercado queria mais, como mais estímulos. Talvez o Fed tenha avaliado que agora não seja a hora de novos incentivos. Lembrou que a atividade econômica está melhorando”, avalia o CEO da Omninvest, Roberto Attuch Jr. “Mas Powell presidente do Fed, Jerome Powell claramente deu seu recado em relação ao impasse de um novo pacote fiscal nos EUA”, continua.
A queda nas bolsas europeias e dos EUA reflete o grau de incerteza em relação ao ritmo de retomada econômica norte-americana, reforçada ontem por Powell. Embora tenha mantido o juro, como amplamente esperado, e ressaltado que a economia está reagindo de forma mais rápida, ponderou que ainda há dúvida sobre essa dinâmica. Além disso, o índice de construções de moradias iniciadas nos Estados Unidos caiu 5,1% em agosto ante julho, ante previsão de queda de 3,1%. Já os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior foram revisados de 884 mil a 893 mil. “Foi um Fed bastante dovish, que deve manter o juro no atual nível pelo menos até 2023 e inflação projetada por ele só chegando em 2,00% nesse período 2023. Em contrapartida, o tom da fala de Powell preocupou o mercado que pode não estar vendo algo que o Fed esteja enxergando. Hoje, os mercados estão um pouco de ressaca”, analisa Thomás Gibertoni, especialista de investimentos Portofino.
Em relação ao Copom, Gilbertoni acredita que a sinalização é de Selic em 2% ao ano por um bom tempo. Contudo, ele pondera que o Banco Central (BC) “não fechou a porta para uma nova queda, mas também não a trancou”. Segundo ele, a manutenção da visão do BC sobre o fiscal no texto pode gerar incômodo, já que o mercado entende que há possibilidade desse quadro tem se agravado, diante das idas e vindas nos debates sobre o assunto. Depois de enterrar o Renda Brasil, decisão que ocasionou novos atritos no governo, o presidente Jair Bolsonaro deu sinal verde ao senador Marcio Bittar (MDB-AC), relator do Orçamento de 2021 e do Pacto Federativo, para debate de um novo programa social. “Aqui, o pessoal fica batendo cabeça com relação ao Renda Brasil Um dia tem, outro não. Isso não é bom pra confiança”, afirma Attuch Jr.
A despeito da expectativa de queda na B3, há alguns sinais que podem animar, já que o avanço na agenda de privatização é bastante aguardado no mercado. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou nesta quarta que cinco empresas já manifestaram interesse na aquisição dos Correios, citando quatro delas: Magazine Luiza, DHL, FedEx e Amazon. De acordo com ele, o processo de privatização dos Correios está na “ordem do dia” e ocorrerá na gestão de Jair Bolsonaro. Em contrapartida, o petróleo cai no exterior e o minério de ferro fechou em baixa de 1,48%, a US$ 122,36 a tonelada, no porto chinês de Qindgao, empurrando Vale e Petrobras para baixo.
*Com Estadão Conteúdo
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