O ex-presidente Michel Temer, que lidera uma “missão humanitária” de ajuda no Líbano desde esta quinta-feira, 13, disse em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, que a intenção do governo brasileiro, além da doação de alimentos e outros produtos, é de auxiliar “na composição das várias forças políticas” do país. “Pedi na Embaixada que trouxessem lideranças dos vários grupos religiosos e que o objetivo do encontro é religar as pessoas. A ideia do Brasil é de que talvez quem está na área religiosa possa colaborar para a unidade de ação, especialmente com os auxílios que vem do exterior, e muito rapidamente reconstruir a parte de Beirute que foi destruída, além da parte política”, afirmou. No Líbano, o poder é partilhado entre as várias comunidades religiosas, e cada cargo fica reservado a uma delas. Por exemplo, a Presidência da República é de um cristão maronita; a do Conselho de um muçulmano sunita; e a da Câmara dos Deputados, a um muçulmano xiita. Segundo o ex-presidente, todos receberam “muito bem” a oferta do governo.
Temer, que já esteve no Líbano em outras ocasiões, negou que metade da capital tenha sido destruída pela explosão que deixou mais de 100 mortos e milhares de feridos. De acordo com ele, “parte de Beirute está em destroços”, incluindo o porto, onde aconteceu a tragédia, e as imediações. Nesta tarde, Temer esteve com o presidente libanês, Michel Aoun, a quem expressou o apoio e as condolências dos brasileiros às famílias das vítimas. Além disso, desejou “uma rápida recuperação para todos os que foram feridos naquela explosão dramática explosão”. O ex-presidente expressou sua convicção de que “com o tempo, Beirute será completamente reconstruída na parte que foi afetada”. Durante a entrevista, Temer citou que “foi uma boa conversa” e que o Brasil se deixou “disponível para ajudar a trazer uma certa unidade para as forças políticas do Líbano”. Ele ainda vai se encontrar com o primeiro-ministro interino e com o presidente do Parlamento.
Teto de gastos
Sobre a discussão de romper ou não o teto de gastos durante a pandemia da Covid-19, Temer afirmou que, em casos de calamidade pública, “é perfeitamente possível usar os créditos extraordinários”. “Apesar da emenda constitucional, é possível eventualmente ultrapassar esse teto, mas sem eliminá-lo, até porque seria um problema seríssimo de credibilidade do país em relação ao exterior”, disse o ex-presidente. O teto foi incluído na Constituição em dezembro de 2016, durante o governo de Temer, e deve durar 20 anos. O presidente Jair Bolsonaro defendeu em pronunciamento nesta quarta-feira, 12, ao lado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o respeito a essa medida. “A economia reagindo e nós resolvemos então direcionar as nossas forças para o bem comum, nós queremos o progresso, o desenvolvimento e o bem estar do povo. Respeitamos o teto de gastos e queremos responsabilidade fiscal“, disse Bolsonaro.
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