Diagnosticada com câncer e afastada do trabalho desde o início da pandemia, a costureira Silvanira de Jesus Nascimento está há cinco meses sem receber o auxílio doença. Com a reabertura das agências do INSS em São Paulo, ela viu uma oportunidade de conseguir fazer a perícia médica que precisa. Após mais de duas horas no telefone, Silvanira agendou uma consulta para às 8 horas da manhã da última sexta-feira (18). Só que, ao chegar na agência da Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista, ela soube que não seria atendida.
O segundo dia de retomada dos serviços presenciais no INSS fez muita gente perder a viagem. Quem foi até uma agência para fazer uma consulta com um médico perito deu com a cara na porta e foi orientado a voltar para casa. Isso porque a categoria resiste a retomar os trabalhos presenciais alegando falta de condições sanitárias contra a Covid-19, o que o governo nega. A Secretaria de Previdência e Trabalho diz que os funcionários que não comparecerem vão ter falta registrada, com desconto salarial. Mesmo assim, nenhum médico perito apareceu na agência da capital paulista e o operador Edmilson Gomes Cardoso vai precisar reagendar a consulta. O problema, segundo o motorista José Ricardo dos Santos, é que até o processo de remarcação está complicado de ser feito.
Nesta sexta-feira, o Governo publicou edição extra do Diário Oficial com um ofício convocando os peritos para voltarem às atividades. Em nota, a Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais diz que, devido à ruptura de diálogo com o governo, irá refazer por conta própria as vistorias nas agências consideradas aptas para o retorno. Atualmente, o Brasil tem 1,5 milhão de processos na fila aguardando pelo atendimento do INSS. Desses, pelo menos metade precisa, necessariamente, de um atendimento presencial.
*Com informações da repórter Beatriz Manfredini
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