O FBI alertou que as tentativa de golpes financeiros aumentaram 900% durante a pandemia. Ao todo, cerca de quatro mil denúncias de atos criminosos são registradas por dia no Brasil, segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Uma pesquisa da Fortinet Threat Intelligence Insider Latin America, citada pela instituição, mostra que 24 bilhões de ataques cibernéticos foram praticados contra brasileiros em 2019, com foco principal em golpes por meio de aplicativos de instituições financeiras, sites e pontos de relacionamento com os clientes, explica o diretor da Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da Febraban, Adriano Volpini, em coletiva de imprensa. “O foco dos golpistas é no consumidor final e, principalmente, em pequenos e-commerce. A engenharia social está por trás de 70% dos golpes praticados no Brasil, porque ele se vale da confiança ou da emoção das pessoas, sempre com o objetivo de obter os dados ou induzir a realizar uma transação.”
Segundo Volpini, entre as principais práticas criminosas está o uso de páginas falsas de e-commerce e instituições bancárias; envio de links falsos ou arquivos maliciosos por e-mail; perfil falso de grandes empresas nas redes sociais; falsos programas de milhas; falso funcionário; golpes do delivery e WhatsApp; trocas de cartões e falsas ajudas, sendo que cada uma das fraudes ocorre de formas diferentes e precisa de atuações distintas. Com isso, considerando o cenário e as novas fraudes praticadas, Adriano Volpin enumera algumas medidas que podem proteger os seus dados e garantir a sua segurança contra os principais golpes praticados, principalmente durante o período de isolamento:
Falso Funcionário
O golpe acontece quando criminosos entram em contato com a vítima se passando, justamente, por um funcionário de alguma instituição bancária. Feito isso, é informado que há irregularidades na conta pessoal ou dados incorretos do cliente, solicitando então que as informações sejam atualizadas durante a ligação telefônica. Em posse das informações, que incluem número do cartão bancário, senha e código de segurança, por exemplo, os fraudadores realizam transações em nome do cliente. Para evitar a situação, a Febraban indica que nunca realize uma transferência, pagamentos ou cadastramento de dados em nome do banco. Além disso, verifique a origem de ligações e mensagens e, em caso de suspeitas, entre em contato com a central oficial do banco utilizando outros telefones. Adriano Volpin reforça que números de centrais nunca fazem ligações diretas aos clientes, por isso, o consumidor deve estar atento a chamadas suspeitas.
Golpe do motoboy
Para cometer esta fraude, os criminosos também entram em contato com a vítima se passando por um funcionário do banco. Feito isso, eles questionam se o consumidor realizou alguma compra suspeita, naquele momento, de alto valor, como cerca de R$ 5 mil. Com a negativa pelo cliente, os fraudadores informam que o cartão bancário foi clonado e solicitam que a senha do cartão seja digitada no teclado do telefone, captando a sequência para uso futuro. Após isso, eles pedem que o cliente corte o cartão ao meio e o entreguem para um motoboy que irá buscá-lo para fazer perícia, efetivando o golpe. Para evitar a fraude, a Febraban indica que o cliente desligue a ligação e faça uma chamada para a central oficial da instituição bancária utilizando outro aparelho telefônico. Além disso, em caso de compras indevidas nos cartões, o cliente deve solicitar pela central o bloqueio do cartão e o ressarcimento dos valores. Nunca entregue cartões, celulares, tablets, notebooks ou qualquer dispositivo a ninguém para perícia.
Golpe delivery
Também relacionado com aplicativos e pagamentos de compras, Adriano Volpini explica que outro golpe que cresceu na pandemia foi o “golpe do delivery”, como ficou conhecida a prática de cobranças ilegais por supostos entregadores de aplicativos. O crime acontece utilizando máquinas danificadas para o recebimento de valores no ato da entrega. Com o visor quebrado, os criminosos acabam colocando preços superiores ao valor da compra do cliente, que só percebe a cobrança abusiva posteriormente. Para evitar a fraude, a Febraban indica que sempre confirme o valor cobrado no visor, não aceite realizar pagamentos em máquinas danificadas, exija o comprovante de pagamento e, se possível, pague as entregas diretamente pelos aplicativos.
Golpe do WhatsApp
Para cometer a fraude, o criminoso localiza o número de celular da suposta vítima, cadastra em um novo dispositivo e, em contato com o cliente, pede a confirmação de um código de habilitação, que permite acesso a toda lista de contatos e faz uma clonagem no aplicativo. Feito isso, os fraudadores entram em contato com amigos e familiares da vítima se passando por ela e pedem a transferência de valores. Para evitar cair no golpe e não ter seu WhatsApp clonado, não envie códigos de habilitação ou senhas a ninguém, não digite dados bancários em links recebidos por terceiros e use duplo fator de autenticação quando possível. Ao mesmo tempo, para evitar que você envie valores a contas de supostos amigos e familiares, a Febraban indica que confirme por ligação a necessidade, esteja atento aos dados bancários e entre em contato com seus conhecidos por outros telefones.
Leilão e E-commerce falso
Para aplicar esses golpes, os grupos criam sites de leilão, ou de e-commerce de grandes marcas, e disponibilizam anúncios de veículos, produtos e outros itens para compra. Os criminosos, para dar mais credibilidade à prática, patrocinam os links fraudulentos no Google, atingindo um maior número de pessoas. No site falso de leilão, a vítima acaba dando um lance inicial para o suposto item que quer adquirir e, feito isso, preenche um formulário, inserindo dados pessoais e bancários. Já no e-commerce ou página fraudulenta, o cliente fará a compra e será indicado para o pagamento por boleto bancário, enviando assim os valores aos criminosos e nunca recebendo o produto adquirido. Para evitar essas fraudes, sempre prefira comprar em sites conhecidos, não envie suas informações a terceiros, se atente também com a verificação dos links e confirme se o site é oficial o e-commerce da empresa. Para os leilões, nunca deposite valores como lances iniciais e confirme a veracidade no site indicado pela Febraban.
Troca do Cartão
Um golpe muito comum em eventos de grande porte e aglomerações festivas, como o carnaval, a fraude na troca de cartão acontece durante o pagamento de comprar em maquininhas. Segundo Adriano Volpini, os criminosos procuram agir em duplas para, no momento no pagamento, distrair o cliente, que terá o seu cartão trocado por outro do mesmo banco, bandeira e cor. Com isso, transações bancárias e compras indevidas serão feitas pelo grupo. Para evitar, não se distraia durante o pagamento de compras, observe o visor ao digitar a sua senha e confirme seu nome impresso no cartão bancário que será devolvido após a operação.
Falsa Ajuda
Durante o uso do caixa eletrônico, os criminosos abordam as vítimas oferecendo ajuda. O objetivo é trocar os cartões bancários e ter acesso a senha pessoal do cliente ou fazer a troca de envelopes de depósito. Para isso, os fraudadores oferecem ajuda durante transações nas agências bancárias e aplicam as fraudes. Para se prevenir, sempre peça ajuda de funcionários identificados com crachá da instituição bancária, não permita que ninguém veja a sua senha ao digitá-la no teclado do caixa eletrônico e, no caso dos cartões, sempre verifique o seu nome impresso no item após o uso.
PIX
Embora esteja ainda em fase de implementação, o novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, o PIX, também já foi utilizado para a criação de novos golpes financeiros. Em um momento em que as instituições estão cadastros dados pessoas e bancários dos clientes, os criminosos estão abordando os clientes para conseguir as informações e, com elas, realizarem transações futuras. Para evitar o golpe, Adriano Volpin acredita que a melhor solução é a conscientização e o acesso à informação, indicando que os clientes procurem seus bancos para confirmar como os dados devem ser corretamente cadastrados, evitando cair em fraudes.
Compartilhe