Biópsia Líquida chega ao Brasil e pode detectar mutações em tumores com menos efeitos colaterais

Mesmo levando um estilo de vida saudável, a Silvia dos Santos, de 57 anos, foi surpreendida com a descoberta de um câncer de pâncreas, um dos mais agressivos. Em 2016, a ex juíza do trabalho deu início à quimioterapia, que trouxe bons resultados. Mas foi por meio de uma biópsia líquida que Silvia descobriu duas mutações no tumor, que foram fundamentais para a definição de um tratamento com menos efeitos colaterais. O teste, capaz de analisar mais de 320 genes relacionados ao câncer, acabou de ser aprovado pela agência reguladora dos Estados Unidos e começa a ser utilizado no Brasil. A médica oncologista, Marcela Crosara, responsável pelo tratamento da Sílvia, destaca que a biópsia líquida é menos invasiva que os métodos tradicionais. “Tem alguns pacientes que têm tumores em locais de difícil acesso. Muitas vezes, a gente precisa fazer cirurgia para fazer biopsia. E a biópsia liquida, na verdade, é uma coleta de sangue”, explica. O novo teste é indicado para pacientes com qualquer tipo de tumor sólido e pode ser realizado em diferentes momentos do tratamento contra o câncer.

Para Marcela Crosara, a tecnologia representa mais uma ferramenta na era da medicina personalizada. “O objetivo é, cada vez mais, tratar os pacientes de maneira individualizada, não apenas pela localização do tumor, mas pelas características. Nem sempre o tumor no pâncreas de um paciente é igual de outro  paciente”, afirma. A oncologista ressalta que, neste momento, as amostras de sangue são coletadas no Brasil e enviadas para um laboratório nos Estados Unidos onde é feita a análise genômica do tumor. Um desafio, segundo ela, é que os planos de saúde ainda não cobrem esse tipo de exame no país.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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