SÃO PAULO – O fim do prazo para as convenções partidárias, na última quarta-feira (16), definiu as candidaturas para as prefeituras e câmaras municipais e marcou o pontapé inicial da corrida eleitoral de 2020.
Embora as disputas normalmente se debrucem sobre questões locais, em algumas cidades é esperado um maior nível de nacionalização do debate, antecipando enfrentamentos que poderão ser vistos daqui a dois anos, nas eleições presidenciais.
Este foi um dos assuntos do podcast Frequência Política. programa é uma parceria entre o InfoMoney e a XP Investimentos. Ouça a íntegra pelo player acima.
É o caso de São Paulo, onde o prefeito Bruno Covas (PSDB) construiu um amplo arco de alianças abarcando outros nove partidos: DEM, MDB, Podemos, PSC, PL, PROS, Cidadania, PV e PP. O candidato tem forte suporte do governador João Doria.
Entre as candidaturas ao comando da cidade mais populosa do país também está a do deputado federal Celso Russomanno (Republicanos), que conta com a simpatia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas não com endosso oficial – pelo menos até o momento.
O parlamentar conquistou o apoio de última hora do PTB, de Roberto Jefferson (outro aliado bolsonarista), que desistiu do voo solo com a candidatura do ex-presidente da OAB-SP Marcos da Costa. Com a aliança, o advogado passa para a vice na chapa do parlamentar.
O pleito na capital paulista pode colocar em lados opostos dois nomes que já rivalizam o debate político – Doria e Bolsonaro – em intensidade que dependerá de como se dará a participação do presidente no pleito.
Nos bastidores, a própria construção da chapa de Russomanno é vista como marca de atuação do presidente. Publicamente, porém, Bolsonaro tenta manter distância das eleições municipais. O fato de não estar filiado a nenhuma sigla, em tese, poderia ajudar na postura.
“Existe uma ordem de que o presidente não vai participar diretamente das campanhas nesse primeiro turno, para evitar desgastes e problemas nas alianças, para não fazer inimigos”, observa Júnia Gama, analista política da XP Investimentos.
Na avaliação da especialista, Bolsonaro deverá adotar postura discreta na maioria das disputas. Mas em São Paulo e em outras cidades estratégicas, é possível que o mandatário entre em cena antes do previsto.
“Quando chegar na reta final deste primeiro turno, pode ser que ele resolva entrar aqui ou acolá se perceber que será definidor de resultados e que vai colher um bônus político disso”, pontua.
A disputa em São Paulo também oferece possíveis sinalizações para a esquerda na cena nacional. A aliança entre PDT e PSB em torno da candidatura de Márcio França é vista como uma possível prévia de uma união entre os partidos na corrida presidencial de 2022. Já o lançamento da candidatura de Jilmar Tatto sem coligações indica o risco que o PT enfrenta.
O assunto foi abordado na edição desta semana do podcast Frequência Política. Você pode ouvir a íntegra pelo Spotify, Spreaker, iTunes, Google Podcasts e Castbox ou baixar o episódio clicando aqui.
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