O ator francês Michael Lonsdale morreu nesta segunda-feira (21) em Paris, aos 89 anos, após uma vida dedicada ao cinema e marcada por papéis inesquecíveis, como o do vilão Hugo Drax, da saga de James Bond. Lonsdale, que durante sua carreira teve o privilégio de trabalhar com ícones do cinema mundial como Orson Welles, François Truffaut, Luis Buñuel, Steven Spielberg e Alejandro Amenábar, morreu em casa, segundo informou sua família à revista semanal L’Obs.
O ator, que nasceu em Paris no dia 24 de maio de 1931, passou sua infância no Marrocos, e começou a trabalhar com teatro na década de 1950, mas demorou para entrar para o mundo do cinema, onde participou de grandes produções internacionais como “007 contra o Foguete da Morte” (1979) e “O Nome da Rosa” (1986), de Jean-Jacques Annaud. Filho de pai britânico, Lonsdale era bilíngue, o que alavancou sua carreira, já que podia trabalhar indistintamente em produções tanto em inglês como em francês.
A primeira vez que esteve diante das câmeras foi em 1962, quando interpretou um sacerdote em “O Processo”, uma adaptação do livro homônimo de Franz Kafka, dirigida por Orson Welles e estrelada por Anthony Perkins e Romy Schneider. “Paris brûle-t-il?” (1966; “Paris está queimando?”, em tradução livre), de René Clement, “O Fantasma da Liberdade” (1974), de Buñuel, “Munique” (2005), de Spielberg, e “Des hommes et des dieux” (2010; “Os Homens e os Deuses”, em tradução livre), de Xavier Beauvois, ganhador do Grande Prêmio do júri do Festival de Cannes, foram outros dos filmes que marcaram sua carreira.
Em 2009, Lonsdale deu vida a Téon, pai da protagonista Hipatía, interpretada por Rachel Weisz, em “Alexandria”, de Amenábar. Mas foi apenas em 2012 que o ator encerrou sua longa carreira, com “O Gebo e a sombra”, filme dirigido por Manoel de Oliveira, e protagonizado por Jeanne Moreau e Claudia Cardinale.
De acordo com o jornal francês “Le Monde”, Lonsdale foi um “cúmplice irredutível das vanguardas e dos autores contemporâneos, cuja participação em sucessos de bilheteria fizeram com que se transformasse em um rosto muito conhecido pelo grande público”. No teatro, o ator trabalhou sob a direção de Claude Régy em 18 peças, em que interpretou textos de Peter Handke, Luigi Pirandello, Marguerite Duras, parceria que se estendeu à participação de Lonsdale em três filmes da escritora, roteirista e diretora nascida no Vietnã: “Détruire, dit-elle” (1969, “Destrua, disse ela”, em tradução livre), “Jaune le soleil” (1971, “Amarelo o sol”, em tradução livre) e “India Song” (1975).
Em várias ocasiões, Lonsdale interpretou reliosos e membros do clero, sem esconder sua devoção ao catolicismo na vida real, o que fez com que, em 2002, recusasse o pepel de um bispo em “Amém”, dirigida pelo grego naturalizado francês Constantin Costa-Gavras, devido à sua conhecida postura antipapista.
*Com EFE
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