No dia 1º de agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que iria proibir o aplicativo TikTok, administrado pela companhia chinesa ByteDance, em todo o país. De lá pra cá, foram muitas trocas de acusações e medidas judiciais envolvidas, mas o que exatamente está acontecendo nessa briga? Por que o presidente da maior economia do mundo está preocupado com um aplicativo de vídeos? A resposta oficial é que o aplicativo estaria recolhendo informações dos norte-americanos para repassar ao governo chinês, o que Trump classifica como um risco à segurança nacional.
Os administradores do aplicativo negaram todas as acusações e afirmaram que os dados de usuários dos EUA ficam armazenados no próprio país, com um backup em Cingapura. O que parece é que o imbróglio com o TikTok é só mais uma extensão da crise entre Estados Unidos e China, que envolve disputas comerciais e até acusações sobre a origem da pandemia de Covid-19. Analistas também acreditam que Trump teria motivos pessoais para atacar o aplicativo. No mês de julho, ele participou um comício na cidade de Tulsa, que estava vazio por causa de um grupo que se mobilizou no TikTok e adquiriu ingressos que não iriam usar. Além disso, o perfil dos usuários no país é majoritariamente composto de jovens, liberais e democratas, o que poderia dificultar as chances do candidato republicano à reeleição em novembro.
Passo a passo da briga
Depois de declarar boicote ao TikTok no início de agosto, Trump assinou um decreto dando prazo de 45 dias – depois prorrogado para 90 dias – para que uma empresa comprasse as operações do TikTok no país. Posteriormente, ele criou uma conta no aplicativo de vídeos Triller, considerado rival do TikTok nos EUA. Em sua primeira postagem, o presidente afirmou ser “um profissional da tecnologia” e que “ninguém pode fazer isso como eu”.
Em reação, a ByteDance entrou com um processo judicial para tentar derrubar a ordem executiva de Trump sobre a venda do aplicativo. “Ao banir o TikTok sem aviso prévio ou oportunidade de ser ouvido, a ordem executiva viola as proteções do devido processo da Quinta Emenda da Constituição”, diz a peça do processo divulgada pelo Wall Street Journal. No dia 1º de setembro, o governo da China entrou na história e denunciou os Estados Unidos por “abusarem do conceito de segurança nacional”. Um dia antes do prazo do decreto expirar, a ByteDance anunciou uma parceria com a Oracle, empresa americana de software, e a rede de supermercados Walmart, para gerir o TikTok nos Estados Unidos, e recebeu a “benção” do governo americano.
Mas o que parecia resolvido pode ter novos capítulos. Nessa segunda-feira, 21, a ByteDance informou que os negócios globais do aplicativo TikTok se tornarão sua subsidiária, contrariando o que a Oracle tinha informado sobre o acordo firmado por ela, juntamente com o Walmart e mais investidores norte-americanos, que previa participação majoritária na parceria. Em resposta, Donald Trump informou que não irá aprovar a venda caso a empresa chinesa continue como controladora do aplicativo. “Se descobrirmos que eles não têm controle total, então não vamos aprovar o acordo. Estaremos observando-o de muito perto”, disse o presidente em entrevista à Fox News.
Não é só nos EUA que o TikTok é proibido
O TikTok tem cerca de 80 milhões de usuários mensais ativos nos Estados Unidos, e figura desde o início de 2019 no topo dos rankings de downloads. Com o confinamento da pandemia, o sucesso foi ainda maior e conquistou celebridades e até membros ativos do partido Republicano e Democrata. Na lista de países que mais utilizam o aplicativo, a Índia vem em primeiro, mas recentemente também bloqueou o uso do TikTok em seu território, assim como outros aplicativos chineses. Em seguida vem a China, os EUA, a Indonésia e o Brasil. Apesar de não ter tanta expressão de acessos, a Austrália também considera proibir o aplicativo, após proibir outras empresas chinesas como a companhia de tecnologia Huawei e a fabricante de equipamentos de telecomunicações ZTE.
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