Em meados de março, muitas empresas se viram obrigadas a colocar boa parte de seus funcionários em home office, por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus. Esse novo cenário impôs desafios às organizações, tanto para gestão das equipes quanto em questões ligadas à tecnologia e infraestrutura.
Como a adoção ao teletrabalho foi repentina, nem todas as empresas estavam preparadas para que seus funcionários trabalhassem remotamente, principalmente na questão de infraestrutura e tecnologia. Nesse sentido, muitas empresas relataram uma queda na produtividade logo no começo da pandemia.
Os principais obstáculos se deram em relação a mobiliário, falta de espaço adequada para o trabalho – além do convívio com demais familiares, todos em casa ao mesmo tempo e “full-time” – e dificuldades tecnológicas, como velocidade ruim de internet e computadores que não estavam adequados para a rotina intensa do trabalho.
Nesse cenário, muita gente se viu obrigada a reforçar a infraestrutura do home office, seja com mobiliário ou equipamentos tecnológicos. Algumas empresas apoiaram seus funcionários nesse sentido, fornecendo recursos financeiros para a compra de cadeiras, mesas de trabalho e contratação de serviços de internet com melhor velocidade.
Também aumentaram as vendas de computadores no período, principalmente em função de home office e do homeschooling.
Números refletem a busca por soluções
Entre janeiro e março deste ano, foram vendidos 1,47 milhão de computadores, um crescimento de 16% em relação ao mesmo período de 2019, segundo o estudo IDC Brazil PCs Tracker 1Q2020, da IDC Brasil, consultoria de inteligência de mercado para os setores de tecnologia da informação e telecomunicações.
Do total de vendas, 71,9% foram notebooks, com 1,064 milhão de unidades, e 28,1% foram desktops, com 415,6 mil. As vendas de computadores portáteis tiveram um crescimento ainda mais acentuado. Segundo a IDC Brasil, em relação ao primeiro trimestre do ano passado, as vendas de notebooks cresceram 18,8% e as de desktops 9,6%. A receita do mercado de computadores teve alta de 30,6% e foi de R$ 5,16 bilhões.
No segundo trimestre, os dados mudaram. O mercado de computadores caiu 12,6%, de acordo com o IDC Brazil PCs Tracker 2Q2020, principalmente por conta da venda de desktops. Os notebooks mantiveram o ritmo do primeiro trimestre.
Em outro levantamento, dados da Neotrust/Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado focada em e-commerce, mostram que o faturamento do setor de notebooks chegou a R$ 2,1 bilhões no segundo trimestre de 2020, incremento de 85,2% em relação ao mesmo período do ano passado. A alta está relacionada principalmente ao maior volume de pedidos registrados: ao todo, 1 milhão de compras foram realizadas no período – aumento de 73% em relação ao segundo trimestre de 2019.
Além de um número maior de vendas, o levantamento indica que o valor gasto nos produtos também subiu. O tíquete médio das compras analisadas foi de R$ 2.092, crescimento de 7,1% ante o mesmo período do ano anterior.
Tecnologia reflete em eficiência
Passada a fase de ajustes, os indicadores de produtividade das equipes já apontam outro caminho – prova de que mobiliário e tecnologia adequados fazem toda a diferença, mesmo ainda tendo espaço para máquina mais eficientes serem adquiridas.
Um estudo da empresa de recursos humanos Adecco feito em junho – três meses após o início da pandemia no Brasil – mostra que, entre os 1.179 profissionais entrevistados, 67% se sentem mais produtivos trabalhando a distância. Entre os pesquisados, 60% concordam que a tecnologia se tornou mais presente no trabalho.
Isso porque as interações passaram a ser totalmente virtuais para muitos profissionais, o que exigiu o uso de diferentes ferramentas de comunicação, como Zoom e Microsoft Teams, e gestão do trabalho e da rotina, como Trello e Slack.
Com isso, a tendência de que as empresas sigam investindo mais em tecnologia e infraestrutura no pós-pandemia deve permanecer. A manutenção ao menos parcial do trabalho remoto para o pós-pandemia já foi anunciada por algumas grandes empresas, o que manterá a alta demanda por videoconferências e a capacidade de produção dos colaboradores de forma remota.
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