O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer nesta quinta-feira, 24, em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, que o Brasil é o país que mais preserva as suas florestas no mundo inteiro, e que o governo é alvo de críticas “o tempo todo” em relação a questão ambiental. Assim como no discurso feito na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o presidente culpou índios, caboclos e pequenos produtores por “tocar fogo no roçado”. “Alguns acham que eu devo mudar a cultura, mas não tem noção do que estão falando”, afirmou. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que também participou da transmissão ao vivo, citou as “maiores mentiras ditas” sobre a Amazônia e o Pantanal no exterior.
“A primeira é que o sistema de proteção ambiental da Amazônia está sendo desmontado. Nós recebemos ele desmontado dos outros governos, metade dos quadros do Ibama e do ICMBio estavam faltando. Segundo, que estamos impondo à população indígena o que eles não querem, mas vários deles querem trabalhar com agricultura, ou ter um grau de exploração de suas riquezas minerais. Outra mentira é que a Amazônia está sendo devastada, temos 84% da amazônia preservada. Todo mundo acha que lá é vazio, tem 23 milhões de pessoas que precisam produzir, morar e se desenvolver. A região precisa de desenvolvimento econômico sustentável. A Amazônia foi deixada na pobreza”, afirmou Salles.
Segundo Bolsonaro, se as terras indígenas passassem a ocupar área equivalente a 20% do território nacional, o agronegócio seria “inviabilizado”. Atualmente, 13,8% da extensão do País é reservada a povos indígenas. Ele alegou ainda que a expansão das terras indígenas para 20% do território seria uma vontade de “alguns países do primeiro mundo”. O presidente voltou a citar o seu projeto que quer permitir o garimpo em terras indígenas. “Enquanto não se faz isso a exploração irracional continua acontecendo e mandamos para fora grande quantidade de ouro, diamantes e minérios”, alegou.
Queimadas
Salles disse que um dos motivos para os incêndios no Pantanal que, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já são mais de 16 mil focos, é a “perseguição” que tem ocorrido no Mato Grosso contra os pecuaristas, o que diminui a quantidade de gado, e consequentemente, aumenta a de capim e mato, o que facilita a expansão do fogo. “O pecuarista lá é um colaborador, e a pecuária ajuda a diminuir a matéria orgânica, porque o gado come capim e pasto e não deixa acumular”, afirmou. Bolsonaro criticou a antiga proibição de usar bloqueadores de fogo na água, o que, de acordo com ele, também facilita com que as chamas dos incêndios se espalhem. Segundo Salles, o produto não era utilizado aqui por “questão ideológica”. “O mundo inteiro usa isso. A composição química é muito parecida com o fertilizante, e os voos e o despejamento de água ficam muito mais eficientes”, disse.
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