Faltando ainda uma semana para o fim de setembro, o número de focos de calor registrados por imagens de satélite no estado de Tocantins já é duas vezes maior que o total de todo o mês de agosto. Dados divulgados pela Defesa Civil estadual revelam que em apenas 23 dias de setembro houve 3.480 focos de calor. Em todo o mês passado, foram 1.714. Segundo o diretor-executivo da superintendência estadual de Proteção e Defesa Civil, major Alex Matos Fernandes, o aumento já era esperado, seguindo o padrão do clima da região. Nesta época, as altas temperaturas, a baixa umidade do ar e os ventos fortes favorecem a propagação das chamas. Além disso, muitos proprietários rurais costumam empregar o fogo para, autorizados ou ilegalmente, queimar o resto de material lenhoso e de mato seco existente em suas propriedades. Por decreto estadual, as queimadas estão proibidas em todo o estado até 13 de novembro.
Segundo o diretor-executivo, embora o aumento do número de focos de incêndios sempre reforce a necessidade de cuidados, o resultado não só está dentro do esperado como é inferior aos 4.061 pontos de calor identificados nos 23 primeiros dias de setembro de 2019. “Já esperávamos o aumento dos incêndios em setembro, mas em razão de vários fatores, este número é inferior ao do ano passado”, disse Fernandes, sem minimizar os prejuízos das chamas que já destruíram áreas em todo o estado, incluindo em unidades de conservação ambiental, como o Parque Estadual do Jalapão, a 190 quilômetros de Palmas, e o Parque Nacional do Araguaia, na Ilha do Bananal.
Os boletins que a Defesa Civil estadual divulga diariamente demonstram que, em 2017, a variação foi ainda maior que a deste ano. Em agosto de 2017 foram 3.536 pontos de calor, em apenas 23 dias de setembro as imagens de satélite indicaram 9.128 focos. A análise dos boletins revela que, desde 2012, só em 2016, 2014 e 2013 a quantidade de focos de calor diminuiu no mesmo espaço de tempo. “No estado, os focos de calor sempre começam a surgir com maior intensidade a partir de junho. Eles se intensificam mês a mês, chegando ao ápice em setembro. Geralmente, no início de outubro, quando as chuvas têm início, a situação começa a melhorar”, explicou Fernandes à Agência Brasil. De acordo com o diretor-executivo, nos últimos oito anos, só em 2014 houve mais focos de incêndio em outubro que em setembro, o que ocorreu devido a uma série de fatores climáticos, como o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, fenômeno batizado como El Niño.
Alternância
Entre 1º de janeiro e 23 de setembro deste ano foram registrados 8.673 focos de calor em todo o estado. É um número quase 27% menor que os 11.124 focos identificados no mesmo período de 2019, mas superior aos 5.967 pontos focais de 2018, ao quais Fernandes também se refere como um ano “fora da curva”. Desde 2012, o pior resultado para o meio ambiente ocorreu em 2017, quando as ocorrências chegaram a 17.372.
*Com Agência Brasil
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