Em entrevista exclusiva ao Esporte em Discussão desta sexta-feira, 25, no Grupo Jovem Pan, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, afastou o risco de jogadores do Flamengo transmitirem o novo coronavírus a atletas do Palmeiras durante o jogo do próximo domingo, 27, às 16h (de Brasília), no Allianz Parque. O elenco rubro-negro foi alvo de um surto de Covid-19 durante viagem ao Equador pela Libertadores, mas, como conta com pelo menos 13 jogadores em condição de entrar em campo, terá de enfrentar o Verdão pelo Campeonato Brasileiro. Segundo Feldman, um dos argumentos utilizados pelo Flamengo para tentar adiar o jogo – de que o vírus poderia ser transmitido aos jogadores do Palmeiras – não encontra respaldo na ciência. Isto porque, de acordo com o dirigente, “não há nenhum sinal de contaminação cruzada”, ou seja, de transmissão entre atletas de equipes diferentes durante jogos de futebol.
“O Flamengo, inclusive, diz: cuidado, o clube inteiro está infectado e tal. Nós temos trabalhado muito nisso, inclusive cientificamente, e não há nenhum sinal de contaminação cruzada, ou seja, em jogo, em partida, um determinado clube passar o vírus para o time adversário”, afirmou o secretário-geral da CBF. “Esse argumento não tem sucedido com resultados consistentes na ciência. Na nossa avaliação, até agora, não há nenhuma confirmação disso”, acrescentou.
Dezesseis jogadores do Flamengo foram diagnosticados com Covid-19 nos últimos dias. Apesar disso, a CBF manteve a realização da partida contra o Palmeiras para o próximo domingo. A decisão foi tomada respaldada pelo regulamento do Brasileirão, que diz que cada clube pode inscrever até 40 atletas para competição. Neste momento, a equipe rubro-negra tem 34 atletas registrados. Ou seja, há seis vagas disponíveis. O texto também diz que há a possibilidade de os clubes usarem jogadores das categorias de base que tenham pelo menos dois anos de contrato. Por isso, conforme nota emitida ontem, a entidade argumenta que “o clube dispõe de elenco suficiente para a realização da partida” e que “outros casos análogos a esse foram igualmente indeferidos”. Na última quinta-feira, a CBF e os clubes da Série A ainda definiram em reunião que, a partir de agora, se um time tiver no mínimo 13 atletas saudáveis – ou com testes negativos para Covid-19 –, terá de entrar em campo.
O Flamengo ainda tenta reverter o cenário e adiar o duelo contra o Palmeiras no STJD, mas a CBF entende que isso não irá acontecer. “O STJD já tem se posicionado… Eu diria que já há até uma jurisprudência consolidada de que, tendo 13 jogadores em condições de entrar em campo, portanto, 11 titulares mais dois reservas, o jogo deve ser mantido”, afirmou Walter Feldman. “Mas vocês sabem que há total independência em relação ao tribunal. Ele tem autonomia para tomar a decisão que achar mais conveniente. Já respondemos a indagação, anexamos o relatório médico e o número de jogadores registrados, mostrando que o Flamengo, neste momento, além dos jogadores que já foram registrados, poderia acrescentar pelo menos mais seis, vindo do profissional ou da base. O Flamengo tem seguramente o maior plantel do Brasil, são 104 jogadores no total registrados no BID… Portanto, poderia fazer a substituição em condições de enfrentar o Palmeiras”, acrescentou.
O dirigente ainda explicou o que motivou a decisão tomada pela CBF na reunião de ontem, com relação à obrigatoriedade de um time ter pelo menos 13 jogadores saudáveis para jogar. “Nós entendemos que era necessário estabelecer um critério, que desse transparência e nenhuma subjetividade. Que fossem dados objetivos”, afirmou. “Nós pegamos dados da Uefa, em que, com 13 jogadores à disposição, os times entram em campo, e da Conmebol, em que, com sete jogadores à disposição, as equipes entram em campo… E definimos, de maneira compartilhada, com os clubes da Série A, que 13 seria o número adequado. Fomos até questionadas pelo vice-presidente do Flamengo se havia sido por causa do Flamengo. Não foi! Foi baseado em premissas já adotadas e nos pareceu que não poderia diferente. Foi uma decisão democrática, tranquila, sem nenhum direcionamento pró-Flamengo. Estamos assessorados por um consistente relatório médico que diz que, neste momento, esse é o caminho mais adequado, finalizou.
Confira, abaixo, a entrevista com Walter Feldman na íntegra:
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