Em seu último dia, a força-tarefa da Lava Jato de São Paulo denunciou ex-diretores da Dersa por lavagem de dinheiro. Foram cerca de 10 milhões de dólares enviados para contas na Suíça. Os acusados são Mário Rodrigues Júnior e, pela quinta vez, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Também foram citados; o ex-executivo da Galvão Engenharia, José Rubens Goulart Pereira e seu irmão Cristiano Goulart Pereira; e a então mulher de Mário Rodrigues, Andrea Bucciarelli Pedrazzoli. O ato marca o término da atual formação da Lava Jato em São Paulo, criada em 2017. No início de setembro, sete procuradores apresentaram pedido de desligamento sob alegação de “incompatibilidades insolúveis” com a atuação da procuradora Viviane de Oliveira Martinez.
O Ministério Público Federal (MPF) sustenta que os acusados “praticaram atos de lavagem de capitais em contas mantidas na Suíça e abertas em nome de offshores para receber pagamentos ilícitos vinculados ao Grupo Galvão Engenharia”. Paulo Vieira de Souza teria recebido propina entre 2007 a 2010, período que envolve os governos do PSDB, de Geraldo Alckmin e José Serra. O ex-diretor é apontado como operador tucano e foi condenado pela Justiça Federal a 27 anos de prisão, por irregularidades em obras do Rodoanel e Marginal Tietê, 2004 a 2015. Ele foi preso preventivamente em 2019 e é réu em outras quatro ações.
Ainda nesta terça-feira, a força-tarefa Lava Jato denunciou cinco ex-executivos de empreiteiras, que atuaram em um cartel de 1998 a 2014 para fraudar licitações do transporte em capitais do país. Benedicto Barbosa da Silva Júnior (ex-diretor da Odebrecht), Márcio Magalhães Duarte Pinto (ex-diretor da Andrade Gutierrez), Othon Zanoide de Moraes Filho (ex-diretor da Queiroz Galvão), Saulo Thadeu Catão Vasconcelos e Dalton dos Santos Avancini (ex-diretores da Camargo Corrêa) deverão responder por crimes contra a ordem econômica. O alvo do grupo foram obras de Metrô; linhas 2, 4 e 5 de São Paulo, 3 e 4 no Rio de Janeiro; a construção de ramais em Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Porto Alegre; monotrilho de São Paulo, Expresso Tiradentes, e a Linha-17 Ouro.
“Com o cartel, as propostas dos licitantes eram feitas com preço acima da média, gerando prejuízo de bilhões aos cofres públicos”, afirma a procuradora regional da República Janice Ascari, coordenadora da força-tarefa Lava Jato em São Paulo. O MPF afirma que inicialmente os contratos eram repartidos entre a Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e a Odebrecht, depois com a OAS e Queiroz Galvão. Então o grupo criou o Tatu Tênis Clube, entidade fictícia do cartel. Tatu era uma alusão ao “tatuzão”, a máquina da perfuração subterrânea do metrô, com direito a codinomes de tenistas famosos ao grupo, Márcio Magalhães Pinto, por exemplo, era o “Guga” da turma dos empreiteiros, segundo o Ministério Público.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos
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