Em uma semana de muito ruído, com um vaivém de declarações ambíguas de integrantes do governo a respeito do controle das contas públicas, o dólar manteve-se na marca superior dos R$ 5,40, na média, evidenciando a postura defensiva dos investidores. A divisa americana encerrou a sexta-feira (14) em alta de 1,10%, a R$ 5,4268, no mercado à vista. No acumulado semanal houve ganho de 0,23%, levando a alta para 4,02% neste oitavo mês do ano. “O mercado não quer mais ter palavras, quer ver alguma coisa de compromisso com o fiscal. E isso significa ver aprovações ou, de fato, o fim de qualquer especulação sobre os cuidados com as contas públicas. Precisa de menos palavras e mais ações”, ressalta José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos.
Faria Junior lembra que as moedas de emergentes exportadores de commodities, na média, estão reagindo em relação ao desempenho visto até junho. “Enquanto isso, o real está com péssima performance de um país com rating ruim, taxa baixa de juros e todo esse ruído sobre o fiscal. Não era o padrão do Brasil ficar descolado das moedas pares. O diretor avalia que as declarações do presidente Jair Bolsonaro na noite desta quinta em transmissão feita pelas redes sociais sobre não ver problemas em debater se fura ou não o teto de gastos foram endereçadas ao seu eleitorado. Mas, afirma, na dúvida, o mercado colocou no preço. “Até que a votação do Orçamento seja encaminhada, o dólar pode ficar um pouco complicado. Algo como no nível dos R$ 5,45. Mas, se por ventura, houve um mal-estar externo e seguirmos nessas especulações ainda, não descarto romper isso”.
Marcos De Callis, estrategista da Hieron Patrimônio Familiar e Investimento, diz que o mercado está passando por um período de insegurança uma vez que há muitos balões de ensaio saindo, entre eles, uma eventual saída do ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas, na sua avaliação, há fortes indicativos de que é baixíssima probabilidade de isso acontecer. “Não faz sentido o Guedes pedir para sair enquanto o governo mostrar que está comungando com o cumprimento das metas. Guedes está muito mais flexível com sua postura liberal, mais sensível às demandas do presidente. Passou a entender que, de fato, para praticar política econômica há restrição política. Mas se Bolsonaro partir para renovar o decreto de calamidade pública, aí, sim, pode ter um problema, porque é licença para gastar sem trava.”
*Com informações do Estadão Conteúdo
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