Ansiedade, frustração e raiva podem estar associadas a flutuações hormonais, como a diminuição do nível de testosterona Amuado, irritado, irascível, intratável. Será que o ser do sexo masculino da casa vem destilando mau humor de uns tempos para cá? Pode ser que ele esteja vivendo a “síndrome do homem irritável”, termo cunhado pelo psicoterapeuta norte-americano Jed Diamond. Baseado em 40 anos de clínica, período durante o qual teve mais de dez mil pacientes, Diamond escreveu os livros “Irritable male syndrome” e “Male menopause”, sobre a menopausa masculina, também conhecida como andropausa, ou declínio androgênico do envelhecimento masculino. Enquanto as mulheres tendem a expressar e compartilhar suas angústias, até solucionar o problema que as atormenta, o mesmo não acontece com os homens. Em vez de contribuir para resolver os impasses, enterrar os sentimentos só piora a situação. E, assim como ocorre com as mulheres, a partir da meia-idade, eles se veem às voltas com uma alteração no nível de hormônios e o quadro tende a se tornar mais complicado. Segundo Diamond, o homem pode enfrentar um estado de ansiedade, frustração e raiva associado a flutuações hormonais, como a diminuição do nível de testosterona e o aumento do estrogênio.
Síndrome do homem irritável: estado de ansiedade, frustração e raiva pode estar associado a flutuações hormonais
Peter Ziegler por Pixabay
Normalmente, não é o indivíduo que está sofrendo as oscilações de humor que percebe a situação, e sim os que o rodeiam. Mulher, filhos e parentes reclamarão, dirão que o marido, pai ou amigo mudou, enquanto, para ele, tudo parece igual – afinal, todo mundo tem seus dias ruins, não? A questão é quando se tornam o padrão. O importante é notar que não se trata apenas de uma instabilidade emocional ocasionada pelos questionamentos que o envelhecimento provoca. A ela se soma o declínio gradual da produção de testosterona, que leva a uma diminuição da massa muscular, do desejo sexual e pode interferir na qualidade do sono. O sobrepeso também desempenha seu papel: células de gordura produzem estrogênio a partir da testosterona. Quanto maior o nível de estrogênio e mais baixo o de testosterona, maiores as chances do ser irritável se manifestar. Convenhamos, é o cenário perfeito para despertar o ânimo belicoso de qualquer um…
A síndrome do homem irritável tem alguns componentes. A primeira é uma espécie de hipersensibilidade. Coisas que habitualmente não o aborreceriam passam a tirá-lo do sério. A frustração vem a reboque: persistente, com frequência é acompanhada de uma sensação de que a parceira ou parceiro não tem a mesma conexão de antes. Uma outra característica é a ansiedade. Homens são “treinados” para ficarem raivosos, mas não ansiosos, o que é considerado uma fraqueza. Entretanto, há razões de sobra para todos nos sentirmos perdidos ou temerosos diante de tantas incertezas, e não há nada de errado nisso. Por fim, a raiva. Ela pode começar sendo contra si mesmo, minando a autoconfiança e a autoestima. A válvula de escape é descarregar em cima dos outros. Em vez de permanecer em estado de negação, vale procurar um especialista e avaliar se é o caso de iniciar um tratamento de reposição hormonal, que deve ter supervisão médica.
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