Pesquisadores do Imperial College London analisaram o órgão de 10 vítimas da doença. Todos apresentaram lesões pulmonares, e também nos rins. Imagem colorida artificialmente mostra célula, em azul, infectada pelo Sars CoV-2, em vermelho
NIAID
Pesquisadores do Imperial College London analisaram os pulmões de dez pacientes mortos devido à Covid-19. Os resultados detectaram cicatrizes, lesões e coágulos em todas as pessoas observadas, e foram publicados nesta quinta-feira (20) na revista “The Lancet Microbe”.
Todos os pulmões tinham lesões e cicatrizes devido ao vírus;
As 10 pessoas também apresentaram lesões nos rins;
Nove pacientes também tiveram trombose – coágulo sanguíneo – em pelo menos um órgão principal (coração, pulmão ou rim);
Os cientistas também encontraram evidências de uma rara infecção fúngica em 1 dos pacientes, chamada de mucormicose; ela pode se espalhar para outros órgãos do corpo;
Mesmo que o número de pacientes seja pequeno, este é o maior estudo até o momento que analisou pacientes após a morte no Reino Unido.
A análise dos órgãos foi consentida pelos familiares ou responsáveis autorizados após a morte dos pacientes. A autópsia é uma ferramenta fundamental para entender a ação direta de uma determinada doença no corpo humano.
“Infelizmente, o Reino Unido teve um grande número de mortes devido à Covid-19. A busca por tratamentos que funcionem irá depender do entendimento de como a doença afeta o corpo. Neste sentido, o exame post-mortem é fundamental”, disse Brian Hanley, coautor do estudo e professor do Departamento de Patologia Celular do Imperial College Healthcare NHS Trust, instituição que também contribui com a pesquisa.
Os pacientes analisados tinham de 22 a 97 anos e estiveram internados entre março e junho deste ano. Sete eram homens e, quatro, mulheres. Quatro pacientes eram brancos e outros seis faziam parte de minorias étnicas, como negros e asiáticos.
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De acordo com os pesquisadores, uma lesão pulmonar causada por um vírus pode afetar as trocas gasosas (oxigênio e dióxido de carbono) e o fluxo de sangue nos pulmões. Já a trombose, também encontrada na maioria dos pacientes, impede o fluxo sanguíneo normal por meio do sistema circulatório e pode causar derrames e ataques cardíacos.
A lesão renal pode levar à insuficiência ou a um dano do órgão. Alguns pacientes, se sobrevivem, podem necessitar de diálise. Dois pacientes também apresentaram pancreatite aguda, condição em que o órgão fica inflamado. Em alguns casos, o problema no pâncreas pode evoluir para complicações graves e até falência dos órgãos.
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