Espanha fecha bordéis para frear infecções pelo novo coronavírus

Os territórios espanhóis da Catalunha e de Castela-Mancha adotaram uma medida inusitada para frear a disseminação do novo coronavírus: fechar os prostíbulos. A ordem foi dada pelos governos das duas regiões autônomas nesta sexta-feira, 21, após o pedido da ministra da Igualdade, Irene Montero, pelo fechamento de casas de prostituição no país. “A saúde e os direitos das mulheres são fundamentais”, afirmou a mulher em carta enviada aos governantes regionais de toda a Espanha na quinta-feira, 20.

A medida deve afetar particularmente a região de Castela-Mancha, localizada no centro da Espanha, que concentra 80% de todos os bordéis do país — são aproximadamente mil estabelecimentos e empreendimentos ligados a este mercado. Segundo o ministro da Saúde do território, Jesús Fernández Sanz, a decisão faz parte do esforço para conter os casos de infecção da Covid-19. A região foi a primeira a declarar explicitamente este tipo de medida no país. Além do fechamento dos bordéis, as medidas de restrição incluem a proibição de festas populares, a proibição de comer ou beber em transportes públicos e até a limitação de pessoas em velórios. Já o governo da Catalunha, famosa pela capital Barcelona, adotou uma posição mais discreta ao decretar a prorrogação sem data de encerramento da suspensão de atividades em clubes, bares e “estabelecimentos públicos com cabines anexas” — eufemismo para as casas de prostituição. “Foi uma incoerência fechar os pontos de lazer noturno e manter abertos outros locais onde se desenvolvem atividades deste tipo”, afirmou Alba Vergès, ministro da Saúde da Catalunha.

A Espanha é o país europeu com o maior número de casos de infecções pelo novo coronavírus, mesmo após adotar um rigoroso sistema de isolamento social. Nesta sexta, o país reconheceu que a pandemia está “fora de controle.” Segundo dados do governo, foram 3.650 novos casos nas últimas 24 horas. Ao total, são mais de 386.054 casos. O governo reconhece 28.813 mortes por Covid-19 no país e considera apenas os casos que testaram positivo para o vírus. Estatísticas independentes, no entanto, estimam mais de 44 mil mortes.

A Bolívia apresenta situação semelhante à da Espanha, porém, no país sul-americano, as profissionais do sexo resolveram adotar equipamentos de segurança, como escudos faciais, máscaras, luvas e capas de plástico. Organizações que representam as prostitutas pressionam o governo boliviano para a flexibilização das medidas de isolamento diante das dificuldades enfrentadas em meio à pandemia. Segundo porta-vozes do movimento, caso os bordéis permaneçam fechados, as mulheres terão que se expor nas ruas, aumentando a incidência de infecções.

*Com agências internacionais

Compartilhe