PIX: Como vai funcionar o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central

PIX, sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, promete revolucionar o mercado trazendo facilidade para os consumidores. Anunciado em fevereiro pelo Banco Centralo sistema tem previsão para estar em funcionamento em novembro deste ano e pretende diminuir a circulação do papel moeda no país e facilitar as operações financeiras, com uma previsão de concluir transferências bancárias em apenas 10 segundos. “Poderemos ver um cliente do Itaú, por exemplo, fazendo um pagamento para uma carteira digital do Picpay em menos de 10 segundos. A interoperabilidade irá facilitar essas transações, porque possibilita que sistemas diferentes conversem, sem a necessidade de acordos bilaterais”, diz Marcelo Martins, economista e líder da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).

O especialista explica que instituições financeiras com mais de 500 mil contas ativas serão obrigadas a disponibilizar o novo serviço do Banco Central. Com uma maior adesão dos consumidores, instituições menores, como algumas fintechs, devem também disponibilizar o PIX aos clientes. Para ele, o sistema contribui para que a economia “gire mais rápido” e irá, inclusive, impactar para a melhora do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “Com o PIX, em segundos, eu pago a diarista, que pode pagar a escola da filha dela segundos depois com o mesmo dinheiro. Então, o ciclo econômico gira mais rápido, isso é economia, é fazer o dinheiro girar e fazer o país crescer melhor”, afirma. Com o sistema instantâneo, clientes terão custo zero para transações entre pessoas físicas, incluindo transferência entre diferentes instituições bancárias, o que é apontado como mais uma vantagem do serviço. Atualmente, a taxa por transação varia de acordo com a política de cada instituição, podendo chegar a custos de até R$ 20 por operação.

O sistema trará aspectos positivos para as empresas que terão, possivelmente, redução das taxas e maior facilidade para transações. Para contas jurídicas, o custo cobrado pelo Banco Central será de R$ 0,01 a cada 10 transações feitas pelo PIX, sendo o valor cobrado da instituição bancária que recebe os valores. No entanto, para a pessoa jurídica, o valor final por transação deverá ser determinado por cada banco. Embora o serviço seja visto como positivo, com a nova proposta, urge o receio de que outras formas de pagamentos, como os cartões de crédito e débito, caiam em desuso, o que gerou inicial resistência entre as instituições. Martins afirma que a maior recusa quanto à adoção da ferramenta veio, justamente, por parte das bandeiras de cartões que, para ele, são as “mais ameaçadas”. O motivo é que, com a adoção do sistema, os estabelecimentos comerciais terão a possibilidade de receber os pagamentos de forma instantânea por custos inferiores aos atuais praticados pelas operadoras de cartão, que chegam a cobrar até 14% por cada venda efetuada. “Teve muita pressão dos bancos e as bandeiras de cartão foram as que mais resistiram. Só conseguimos o PIX pelo Campos Neto [Roberto Campos Neto, presidente do BC] ter batido o pé e porque agora o Banco Central está com liberdade para tomar decisões e tem mais espaço para inovar”, afirma o economista.

O que muda com o PIX?

Na prática, com a adoção do PIX, os clientes terão mais uma alternativa de sistema para pagamentos, que funcionará em tempo real e trará novas formas de pagamentos, como o uso de QR Codes dinâmicos e estáticos. O uso e adesão ao serviço serão facultativos pelos clientes. Mesmo confiando que a mudança será positiva para os consumidores, Marcelo Martins descarta que a novidade signifique uma extinção do TED e DOC, atuais sistemas de transferências bancárias. “Nada é extinto, alguns meios de pagamentos são menos utilizados, mas eles não acabam. Para os clientes mais antigos, como o meu avô, o novo sistema pode ser uma experiência ruim. O meu avô, por exemplo, continua utilizando apenas cheques. Então, mesmo com a melhora da experiência, as pessoas vão continuar usando o TED e outras formas de pagamento. Não haverá uma troca direta dos sistemas. Talvez, em alguns anos, o Banco Central encerre o uso do TED e DOC, mas isso a longo prazo”, explica.

Seguindo o cronograma, a partir do dia 5 de outubro, as instituições financeiras poderão iniciar o cadastro da “chave de endereçamento” dos clientes que optarem por utilizar o PIX. Com isso, informações como e-mail, número de celular e CPF serão coletadas. Os consumidores que optarem por utilizar o serviços irão informar sua “chave” para receber um pagamento ou transferência, sendo possível, com o registro das informações, realizar uma transação utilizando apenas o número de telefone ou e-mail recebedor. Em 3 de novembro, a ferramenta começará a funcionar com restrições, sendo previsto que o sistema esteja completamente em funcionamento para os clientes em 16 de novembro.

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