O estudo testou a tosse com máscaras (cirúrgica e N95), com as mãos, lenços, cotovelos e sem proteção. Pesquisadores explicam que a máscara é eficaz, mas é preciso ser usada em conjunto com o distanciamento social. Pessoas utilizando máscaras faciais obrigatórias devido à pandemia de coronavírus entram no metrô em Duesseldorf, na Alemanha
Martin Meissner/AP
Usar a máscara em público tornou-se uma prática recomendada na pandemia de Covid-19. Entretanto, muitos ainda questionam se ela realmente funciona. Um estudo publicado na revista Physics of Fluids, da AIP Publishing (Instituto Americano de Física) mostrou a eficácia das máscaras e o que acontece quando tossimos sem nenhuma proteção.
“Em situações em que não há máscaras sofisticadas disponíveis, qualquer máscara é melhor do que nenhuma máscara para o público em geral para retardar a propagação da infecção”, alertou Padmanabha Prasanna Simha, um dos responsáveis pelo estudo.
Os pesquisadores usaram uma técnica chamada de ‘fotografia schlieren’, usada para fotografar o fluxo de fluídos de densidade variável. Com isso, eles conseguiram capturar imagens e rastrear a velocidade e propagação das gotas expelidas na tosse.
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O estudo testou a tosse com máscaras (cirúrgica e N95), com as mãos, lenços, cotovelos e sem proteção.
Imagens de Schlieren de tosse com vários graus de cobertura facial
Padmanabha Prasanna Simha, Indian Space Research Organisation
Sem surpresa, eles descobriram que as máscaras N95 são as mais eficazes na redução da propagação horizontal de uma tosse. Elas reduzem a velocidade inicial da tosse e limitam a sua propagação entre 0,1 e 0,25 metros. Já uma tosse descoberta pode viajar até três metros.
Os pesquisadores alertam que a máscara descartável também é eficaz e pode diminuir a distância da tosse para 0,5 metros.
“Mesmo que uma máscara não filtre todas as partículas, se pudermos evitar que as nuvens dessas partículas viajem para muito longe, é melhor do que não fazer nada” – Simha.
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Simha e o seu parceiro de pesquisa Prasanna Simha Mohan Rao esperam que as descobertas acabem com o argumento de que as máscaras de tecido regulares são ineficazes, mas eles enfatizam que as máscaras devem continuar a ser usadas em conjunto com o distanciamento social.
“O distanciamento adequado é algo que não deve ser ignorado, já que as máscaras não são infalíveis”, finalizou Simha.
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Novas descobertas
Algumas das outras comparações, no entanto, foram surpreendentes.
Por exemplo, usar um cotovelo para encobrir uma tosse é normalmente considerado uma boa alternativa. Mas os pesquisadores descobriram que isso pode não ser verdade.
A menos que seja coberto por uma manga, um braço nu não pode formar a vedação adequada contra o nariz necessária para obstruir o fluxo de ar. A tosse é então capaz de vazar por qualquer abertura e se propagar em várias direções.
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O uso das máscaras
A máscara, assim como o uso do álcool e gel e o distanciamento social, reúne consenso da comunidade científica internacional. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda essas medidas para frear o espalhamento da Covid-19.
Se utilizada de forma correta, a máscara evita que pessoas doentes projetem o vírus em secreções, e que pessoas saudáveis absorvam o vírus projetado no ar pela boca ou pelo nariz.
Na última semana, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pelos médicos Monica Gandhi e Eric Goosby, da Universidade da Califórnia, e pelo pesquisador Chris Beyrer, da Universidade Johns Hopkins, apontou que as máscaras também reduzem a carga viral à qual estamos expostos.
Se infectados, o estudo diz que a manifestação da doença pode ser mais branda ou mesmo assintomática, graças ao uso dos equipamentos. O estudo foi publicado no “Journal of General Internal Medicine”.
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