O número de trabalhadores sindicalizados caiu em 2019 em relação a 2018. No ano passado das 94,64 milhões de pessoas ocupadas, 11,2%, ou 10,56 milhões, eram associados a sindicatos. Em 2018, eram 11,51 milhões. Os maiores números continuaram sendo no Nordeste (12,8%) e no Sul (12.3%) do país. No Sudeste foram 10,8%, e os índices mais baixos ficaram com o Norte (8,9%) e o Centro-Oeste (8,6%). Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua): Características Adicionais do Mercado de Trabalho 2019, divulgada nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os homens, com 11,4%, são a maior parte dos sindicalizados, enquanto as mulheres respondem por 10,9%. Esse é o padrão observado desde 2012, embora tenha ocorrido redução gradativa na diferença. “Esse panorama de taxas de sindicalização de homens e mulheres é mais ou menos igual para as demais regiões, ou seja, homens com taxa de sindicalização ligeiramente maior do que as mulheres. A maior diferença é no Sudeste, com participação de 11,5% de homens 11,5% de mulheres. A única exceção é na Região Nordeste, onde a taxa de mulheres é maior do que a dos homens”, disse a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
A pesquisa indicou que no período, apenas em 2013 houve expansão no número de população ocupada associada a sindicatos. Naquele ano, o crescimento atingiu 212 mil pessoas. “A população ocupada havia expandido em 1,5 milhão, enquanto a população sindicalizada tinha sido 212 mil pessoas, ou seja, um crescimento muito menor da população sindicalizada em relação à população ocupada como um todo. Em dezembro de 2016, houve queda queda nas duas áreas – a ocupada como um todo e a sindicalizada. Em 2017, começou uma reversão de queda da população ocupada, mas a sindicalizada, ainda que tenha perdido menos, continuou perdendo”, disse a analista. Ela destacou que no ano passado houve houve ganho na população ocupada, mas o recuo da sindicalizada se aprofundou. “O que a gente percebe nesse intervalo de 2016, e mais marcadamente de 2017 para cá, é que há uma tendência de recuperação da população ocupada, no entanto, a população sindicalizada não acompanha a expansão. Pelo contrário, ano a ano ela vem perdendo contingente. Sua maior queda foi em 2018. Em 2019 perde menos. A queda tinha sido de 1,5 milhão e agora de 951 mil, mas, ainda assim, continuou perdendo. Teve uma suavização da perda, mas ela persiste.”
Entre as atividades, a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com 19,4%, foram as que tiveram a maior taxa de sindicalização. Conforme o IBGE, essa atividade tem participação importante de sindicatos de trabalhadores rurais, grande parte de pequeno porte da agricultura familiar, o que reforça a cobertura sindical da atividade, com destaque no Nordeste e no Sul. Já o comércio e a reparação de veículos automotores e motocicletas teve taxa (7,4%) de sindicalização abaixo da média observada na população ocupada total (11,2%). “Essas perdas que ocorreram na agricultura, na indústria e na construção, como a gente está trabalhando em termos de distribuição de trabalhadores dentro dos grupamentos das atividades serão compensadas por outras áreas. Alojamento e alimentação, nos últimos anos, vêm absorvendo muita ocupação”, observou.
A pesquisadora destacou que a retração de sindicalizados no Sul teve influência da participação desses trabalhadores na indústria, que tem peso importante na região. “A indústria é uma atividade importante e bastante sindicalizadas, mas na região é uma das que mais caem, o que vai, obviamente, causar impacto no perfil sindical, uma vez que essa atividade perdendo ocupação, acaba perdendo a reboque pessoas sindicalizadas”, disse. Nos grupamentos de atividades, a maioria manteve o movimento de queda registrado em 2018, apesar de ser com menos intensidade. A principal exceção, segundo a pesquisa, foi a administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais que recuaram em 531 mil pessoas, a maior desaceleração anual de toda a série histórica. A taxa de sindicalização ficou em 18,4% e, pela primeira vez, foi abaixo dos índices da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, que marcou 19,4%. Os dois grupamentos são os que apresentaram os maiores percentuais na série desde 2012. “O que a gente percebe é que, do ponto de vista da série histórica, há uma tendência geral em todas as atividades de redução da sindicalização. Até mesmo na agricultura, que é uma atividade bastante sindicalizada, vimos uma taxa que já foi 23,2 % em 2012 e chega em 2019 com 19,4%”, completou.
Em 2019, entre os 10,6 milhões de sindicalizados, a maioria – 67,3%, ou 7,1 milhões – tinha pelo menos o ensino médio completo e 31,7%, ou 3,4 milhões, o ensino superior. Dentro da população ocupada total, foram estimados 60,1% para os de ensino médio e 20,4 % com ensino superior. A menor taxa de sindicalização (7,1%) ficou entre os ocupados com ensino fundamental completo e médio incompleto. No ensino superior completo, a estimativa é de 17,3%. Na comparação com 2018, apenas a taxa de sindicalização dos trabalhadores sem instrução e fundamental incompleto continuou estável em 10,4%.
Segundo Adriana Beringuy, a sindicalização vem diminuindo em todos os níveis de instrução, desde o mais elementar até o nível superior. Nesse último, a analista informou que houve crescimento na população ocupada como um todo. Mais pessoas passaram a ter nível superior ao longo dos últimos anos, mas o crescimento da escolaridade da população ocupada não veio acompanhado do mesmo ritmo na população sindicalizada. “A taxa de sindicalização do nível superior é a que mais cai, porque é justamente esse nível de instrução que mais cresce na população, e esse crescimento não é acompanhado pela expansão de pessoas sindicalizadas”, disse Adriana. Ela acrescentou que apesar da perda, a sindicalização no nível superior ainda é a de maior cobertura entre os níveis de instrução entre 2012 e 2019.
*Com Agência Brasil
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