O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi afastado do cargo nesta sexta-feira (28) após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele é suspeito de envolvimento em irregularidades nas compras para a pandemia de Covid-19 e deve ficar fora do cargo, a princípio, por 180 dias. A decisão também proíbe o governador de acessar as dependências do governo fluminense e se comunicar com funcionários. A investigação aponta que uma organização criminosa foi instalada no governo estadual a partir da eleição de Witzel, que assumiu o cargo em 2019. O grupo se divide em três braços, para o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos liderados por empresários. Eles teriam loteado as principais secretarias para beneficiar essas empresas.
Investigações
Wilson Witzel é alvo das operações Favorito e Placebo, ambas da Polícia Federal. Elas investigam desvios na contratação de hospitais de campanha, respiradores e medicamentos feitas pelo governo fluminense para o combate à pandemia de Covid-19. As investigações da PF foram corroboradas por delação premiada de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde do Rio, preso em 10 de julho. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), aceita pelo STJ, a gestão estabeleceu um esquema de pagamento de propinas para que as empresas fossem contratadas em regime emergencial durante a crise sanitária.
O ministro Benedito Gonçalves apontou na decisão uma “sofisticada organização criminosa, composta por pelo menos três grupos de poder, encabeçada pelo governador Wilson Witzel”. Além disso, os procuradores do MPF indicam que Witzel tem participação ativa no esquema, junto com a esposa, a primeira-dama Helena Witzel. Por causa das descobertas do Ministério Público, o STJ decidiu pelo afastamento do governador para que as denúncias sejam apuradas, mas negou o pedido de prisão preventiva.
Quem assume?
Com o afastamento de Wilson Witzel do governo do Rio de Janeiro, o vice-governador, Cláudio Castro (PSC), assume o cargo interinamente. Ele, no entanto, também foi alvo dos mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Benedito Gonçalves. Mesmo assim, continuará como governador em exercício. Na linha sucessória, quem aparece depois de Castro é o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado André Ceciliano (PT), também implicado nas investigações. Caso o vice-governador e o presidente da Alerj também não possam assumir o cargo, o governo estadual ficará no comando do desembargador Claudio de Mello Tavares, presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
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