O Ministério do Meio Ambiente voltou atrás na decisão e anunciou, na noite desta sexta-feira, 28, o desbloqueio financeiro dos recursos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO). Segundo a pasta, as operações de combate ao desmatamento ilegal e às queimadas “prosseguirão normalmente”. Sob justificativa de congelamento nas verbas, o ministério havia dito nesta tarde que suspenderia a partir de segunda-feira todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia Legal, e de combate às queimadas no Pantanal e demais regiões do país.
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que preside o Conselho da Amazônia Legal, afirmou que o ministro do Meio-Ambiente, Ricardo Salles, se precipitou. Mourão atribuiu o remanejamento de recursos ao pagamento do auxílio-emergencial a trabalhadores informais durante a pandemia da Covid-19, mas garantiu que as ações não serão paralisadas. “O ministro se precipitou, pô. Precipitação do ministro Ricardo Salles. O que está acontecendo? O governo está buscando recursos para poder pagar o auxílio emergencial, é isso que eu estou chegando à conclusão. Então está tirando recursos de todos os ministérios. Cada ministério oferece aquilo que pode oferecer, né?”, disse em entrevista coletiva na porta do Palácio do Planalto.
De acordo com a pasta, o bloqueio de recursos seria da Secretaria de Orçamento Federal (SOF). Os R$ 60,6 milhões contingenciados se somariam à redução de outros R$ 120 milhões já previstos com o corte do orçamento na área de meio ambiente para o ano de 2021. A medida tiraria 1.346 brigadistas, 86 caminhonetes, 10 caminhões e 4 helicópteros da área de queimadas que o IBAMA atua. Em relação ao desmatamento, seriam desmobilizados 77 fiscais, 48 viaturas e 2 helicópteros. No ICMBio, o corte acompanhariam 324 fiscais, além de 459 brigadistas e 10 aeronaves Air Tractor que combatem às queimadas na Amazônia.
Segundo dados do sistema de monitoramento por satélite Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Floresta Amazônica cresceu 33% entre agosto de 2019 e julho de 2020 em comparação com o mesmo período entre 2018 e 2019. Neste período, um total de 9.205 km² de floresta foi derrubada, um aumento expressivo em relação aos 6.844 km² registrados no período anterior. É o maior índice desde o início da série do Deter, que começou em 2015.
Compartilhe