Moradora de Vila Nova Cachoerinha, localizada na Zona Norte de São Paulo, Elizangela Pedroso de Freitas tem 41 anos, trabalhava como representante comercial, mas acabou demitida em maio por causa da pandemia da Covid-19. Sem renda, ela acumulou dívidas, não pagou o cartão de crédito e agora tenta negociar com o banco. Bacharel em direito, Elizangela teve que cancelar o curso preparatório para a prova que iria realizar da OAB. Quem está pagando as contas de casa é o pai dela, que é aposentado. A mãe, até hoje, não conseguiu se aposentar e também está sem renda. Ela conta que está participando de alguns processos seletivos e que precisou abrir mão de alguns hábitos do passado. “Eu pagava todas as contas de casa, como trabalha como freelancer quando eu saí não tive direito nenhum, então a situação ficou muito difícil. Toda mulher gosta de sair, comprar, hoje eu não faço mais isso”, afirma. Na mesma situação que a Elizangela, Beatriz Ribeiro também depende da aposentadoria da mãe para pagar as contas de casa e o sustento da família. A cantora de 38 anos conta que enfrenta dificuldades até pra comprar alguns alimentos básicos que tiveram um aumento no preço. “Principalmente o preço do arroz, a gente conseguia encontrar por R$ 8, hoje está na faixa de R$ 17. Então tem impactado muito grande na minha família, só a minha mãe que é aposentada e que está segurando [a renda familiar]”, diz.
A crise afetou milhões de brasileiros, fato é que o endividamento atingiu 67% em junho, em relação ao total de famílias, o maior índice desde janeiro de 2010. É o que aponta a Pesquisa de Endividamento do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio. O presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros,Reinaldo Domingos, diz que é importante que a pessoa endividada crie hábitos saudáveis e proporcione o equilíbrio com escolhas conscientes. “Vamos olhar o que ela estava ganhando e como estava gastando. Esse é o momento de operação de guerra, guerra contra todos os gastos. É preciso mobilizar a família e mostrar que a situação financeira não é mais como era antes”, explica. Antes da pandemia, 60 milhões de brasileiros estavam inadimplentes. Atualmente, esse número passou pra 90 milhões de pessoas.
*Com informações do repórter Victor Moraes
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