O evento consistiu em uma série de violentas explosões vulcânicas e fez com que os dinossauros se tornassem a espécie dominante por 165 milhões de anos. Lava é expelida pelo Vulcão de Fogo, visto da comunidade de San Antonio em Colima, no México, no domingo (12). Centenas de pessoas foram removidas da região e um aeroporto foi fechado por medo de esta se tornar uma das maiores erupções do vulcão
Hector Guerrero/AFP
Enormes erupções vulcânicas há 233 milhões de anos lançaram dióxido de carbono, metano e vapor d’água na atmosfera. Essa série de explosões violentas, na região onde hoje está a costa oeste do Canadá, levou a um aquecimento global massivo.
Uma nova pesquisa revelou que este foi um evento de extinção em massa que alterou o planeta, matou muitos dos tetrápodes dominantes e anunciou a aurora dos dinossauros.
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A extinção em massa mais conhecida ocorreu no final do período Cretáceo, há 66 milhões de anos. Foi quando os dinossauros, pterossauros, répteis marinhos e amonoides morreram.
Esse evento foi causado principalmente pelo impacto de um asteroide gigante que escureceu a luz do sol e causou escuridão e congelamento, seguido por outras perturbações maciças dos oceanos e da atmosfera.
Geólogos e paleontólogos concordam com uma lista de cinco desses eventos, dos quais a extinção em massa do fim do Cretáceo foi o último. Portanto, nossa nova descoberta de uma extinção em massa até então desconhecida pode parecer inesperada.
No entanto, esse evento, denominado Carnian Pluvial Episode (CPE), parece ter matado tantas espécies quanto o asteroide gigante matou. Os ecossistemas terrestres e marítimos foram profundamente alterados, à medida que o planeta ficou mais quente e seco.
Em terra, isso desencadeou mudanças profundas nas plantas e nos herbívoros. Por sua vez, com o declínio dos tetrápodes herbívoros dominantes, como rincossauros e dicinodontes, os dinossauros tiveram sua chance.
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Mike Segar/Reuters
Os dinossauros se originaram cerca de 15 milhões de anos antes e nosso novo estudo mostra que, como resultado do CPE, eles se expandiram rapidamente nos 10 milhões a 15 milhões de anos subsequentes e se tornaram a espécie dominante nos ecossistemas terrestres. O CPE desencadeou a “era dos dinossauros”, que durou mais 165 milhões de anos.
Não foram apenas os dinossauros que tiveram uma oportunidade. Muitos grupos de tetrápodes modernos, como tartarugas, lagartos, crocodilos e mamíferos, datam dessa recém-descoberta época de revolução.
Seguindo as pistas
Este evento foi notado pela primeira vez, de forma independente, na década de 1980. Mas pensava-se que estava restrito à Europa. Primeiro, geólogos na Alemanha, Suíça e Itália reconheceram uma grande rotatividade entre as faunas marinhas há cerca de 232 milhões de anos, denominado Rheingraben.
Então, em 1986, foi reconhecido independentemente como uma mudança em escala global entre tetrápodes e amonoides. Mas, naquela época, o processo de determinação da idade era muito mais fraco do que agora e era impossível ter certeza se ambos eram o mesmo evento.
As peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar quando um episódio de cerca de 1 milhão de anos de climas úmidos foi reconhecido em todo o Reino Unido e em partes da Europa pelos geólogos Mike Simms e Alastair Ruffell.
Então, o geólogo Jacopo dal Corso identificou uma coincidência no momento do CPE com o pico das erupções dos basaltos de Wrangellia – um termo que os geólogos dão a uma placa tectônica estreita que está ligada à costa oeste do continente norte-americano, ao norte de Vancouver e Seattle.
Finalmente, em uma revisão das evidências de rochas com idade triássica, a assinatura do CPE foi detectada — não apenas na Europa, mas também na América do Sul, América do Norte, Austrália e Ásia. Este estava longe de ser um evento exclusivo para a Europa. Foi global.
Placas tectônicas
BBC
Erupções vulcânicas
As enormes erupções de Wrangellia liberaram dióxido de carbono, metano e vapor d’água na atmosfera, levando ao aquecimento global e ao aumento das chuvas em todo o mundo.
Houve até cinco pulsos de erupções associadas a picos de aquecimento de 233 milhões de anos atrás. As erupções levaram à chuva ácida, pois os gases vulcânicos se misturaram à água da chuva para banhar a Terra em ácido diluído. Oceanos rasos também sofreram acidificação.
O forte aquecimento expulsou plantas e animais dos trópicos e a chuva ácida matou plantas em terra, enquanto a acidificação do oceano atacou todos os organismos marinhos com esqueletos carbonáticos. Isso removeu a superfície dos oceanos e da terra.
Coluna de fumaça provocada pela erupção do Monte Sinabung, em Sumatra, na Indonésia, na segunda-feira (10)
Antara Foto/Sastrawan Ginting/via Reuters
A vida pode ter começado a se recuperar, mas quando as erupções cessaram, as temperaturas permaneceram altas enquanto as chuvas tropicais cessaram. Isso é o que causou a subsequente secagem da terra em que os dinossauros floresceram.
O mais extraordinário foi a reformulação da fábrica de carbonato marinho. Esse é o mecanismo global pelo qual o carbonato de cálcio forma grandes espessuras de calcários e fornece material para organismos como corais e moluscos construírem suas conchas.
O CPE marcou o início dos recifes de coral modernos, bem como de muitos dos grupos modernos de plâncton, sugerindo mudanças profundas na química dos oceanos.
Antes do CPE, a principal fonte de carbonato nos oceanos vinha de ecossistemas microbianos, como montes de lama dominados por calcário, nas plataformas continentais.
No entanto, depois do CPE, isso passou a ser impulsionado por recifes de coral e plâncton, onde novos grupos de microrganismos, como dinoflagelados, apareceram e floresceram.
Essa mudança profunda nos ciclos químicos fundamentais dos oceanos marcou o início dos ecossistemas marinhos modernos.
E haverá lições importantes sobre como ajudamos nosso planeta a se recuperar das mudanças climáticas. Os geólogos precisam investigar os detalhes da atividade vulcânica de Wrangellia e entender como essas erupções repetidas impulsionaram o clima e mudaram os ecossistemas da Terra.
Houve uma série de extinções em massa induzidas por vulcanização na história da Terra e as perturbações físicas, como aquecimento global, chuva ácida e acidificação dos oceanos, estão entre os desafios que vemos hoje.
Os paleontólogos precisarão trabalhar mais de perto com os dados de registros fósseis marinhos e continentais. Isso nos ajudará a entender como a crise se desenrolou em termos de perda de biodiversidade, mas também a explorar como o planeta se recuperou.
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