Abilio Diniz diz que ‘empresário não tem que ter um pé na empresa e outro no governo’

O entrevistado da estreia do programa Conselho de CEO, apresentado pelo jornalista e comentarista de negócios do Jornal da Manhã, Carlos Sambrana, nesta terça-feira, 1º de setembro, é Abilio Diniz, administrador, empresário brasileiro e professor da FGV. Durante a conversa com Sambrana, Diniz avaliou o papel do empresário do atual cenário e relembrou os anos em que esteve no Conselho Monetário Nacional (CNM), em Brasília. Para ele, “empresário não tem que ter um pé na empresa e outro no governo. Ou só vai para o governo ou faz aquilo que sabe fazer que é administrar, pagar os impostos, gerar riqueza e, fundamentalmente, criar empregos. Fazer as coisas com eficiência e produtividade e tocar em frente para gerar empregos, deixa o governo com o governo”, aconselhou.

Ao citar os tempos no CNM, Diniz conta que “se dedicou com força e estudou muito economia”, mas segundo ele, os dez anos em Brasília foram “uma década perdida”. Para ele, estar fora do governo como empresário, no entanto, não o impede de participar e “colocar o que pensa”. “A gente deve participar, principalmente quando são nomes conhecidos. Eu nunca pedi nada para governo nenhum e procuro sempre colocar o que penso. No auxílio emergencial, por exemplo, eu vibrei muito”, disse. Segundo Diniz, os R$ 600 dados pelo governo aos “invisíveis” na sociedade trouxe “um impacto na economia que para essas pessoas é bom. Não vamos nos queixar. Então, tem certas coisas que a gente participa, apoia e faz valer a nossa voz”.

O empresário avalia ainda que o governo poderia ter dado um incentivo a mais para os micro e pequenos empresários durante a pandemia do novo coronavírus – o setor foi duramente impactado pela crise. “Estamos muito longe de falar em vida normal ou de fazer previsão neste momento. Conseguimos o socorro aos brasileiros pelo lado econômico e gostaria de mais dinheiro para os pequenos empresários. O governo não está fazendo na velocidade que deveria porque a máquina estatal é lenta e ainda é difícil fazer o dinheiro chegar na ponta”.

Pós pandemia e pior erro da carreira

Diniz acredita que o mundo pós-pandemia “será muito mais solidário” e que as pessoas se acostumarão ao ato de doar. “Nós não temos muito o costume de doar e é algo que estamos estimulando agora. Ajudar instituições, pessoas, eu acredito que isso pode ficar mais forte, que a solidariedade fique mais forte”, disse. Ao avaliar os erros e acertos ao longo da carreira de empresário, Diniz falou sobre a importância de “fazer contratos bem feitos”. Ele relembrou o episódio que chamou de “grande erro”. “Fiz um contrato com meu sócio, em 2005, que se eu pudesse, faria hoje de novo, mas faria bem feito. Não deixaria nenhuma margem para dupla interpretação ou discussão e desconfiança. Quando for contratar algo, vá ao limite, preveja tudo” disse.

Confira a estreia do programa Conselho de CEO, com Carlos Sambrana:

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