Nas últimas eleições municipais, em 2016, apenas 15 municípios tiveram mulheres eleitas para a prefeitura em Mato Grosso. Elas representam 9,9% do total de 141 prefeitos do estado. Para o cargo legislativo, a representatividade não foi muito maior. Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso
TRE/MT
Dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) apontam que apenas 34% dos candidatos das eleições municipais de 2020 são mulheres. Ou seja, a cada 10 candidatos, apenas 3 são mulheres. Entre os candidatos, são 8.225 homens e 4.228 mulheres, uma realidade não muito diferente dos últimos anos.
Nas últimas eleições municipais, em 2016, apenas 15 municípios tiveram mulheres eleitas para a prefeitura em Mato Grosso. Elas representam 9,9% do total de 141 prefeitos do estado.
Para o cargo de vereador, a representatividade não foi muito maior. Apenas 189 mulheres foram eleitas para ocuparem cargos de vereadoras, representando 13,46% do total das 1.404 vagas para o Legislativo no estado. Em Cuiabá, nenhuma mulher foi eleita para nenhum dos cargos.
De acordo com a socióloga Christiany Fonseca, esse número é reflexo do conservadorismo político e de uma participação tardia da mulher no processo eleitoral.
“O próprio acesso das mulheres ao voto é muito recente, somente em 1932 as mulheres tiveram esse direito. E mesmo quando aprovada a votação, ela precisava seguir algumas regras, como por exemplo, ser casada. Havia uma obrigatoriedade de ter o homem como ‘tutela’ para ser apta a votar. A mulher, tendo esse momento mais tardio dentro da estrutura politica, ficou muito mais inibida do processo de se relacionar e se candidatar, ainda que todos os anos seja dito que há garantias e um maior espaço para o gênero”, explica.
O direito de voto da mulher ainda é recente no país
Caio Coutinho/G1
Além disso, a socióloga explica que esse maior espaço citado ainda é limitado.
“Os partidos acabam, até então, arranjando mulheres para cumprir o percentual mínimo que deve ser cumprido, mas não as colocam como prioridade, não dão o mesmo suporte e os mesmos recursos para essa candidata. Isso faz parte de uma cultura histórica que ainda é machista e patriarcal”, afirma.
Com a nova regra que determina que 30% dos recursos de cada partido sejam destinados a candidatas do sexo feminino, isso pode mudar. Christiany também afirma que as mulheres precisam ocupar espaços em paridade com o homem desde a base da composição dos diretório partidários.
“A maioria dos partidos de Mato Grosso tem a direção e presidência formadas por homens. Geralmente, são ‘caciques’ que direcionam o partido há mais de vinte anos. Assim, os partidos tem cada vez mais dificuldade em agregar a mulher dentro deles”, defende.
Na capital, o cenário apresenta essa desigualdade. Para as eleições de 2020, entre os oito candidatos a prefeitura de Cuiabá, apenas uma é mulher. O município atualmente não tem nenhuma vereadora ou prefeita.
Câmara de vereadores em Cuiabá não tem nenhuma mulher entre os parlamentares
Câmara de Vereadores de Cuiabá
Christiany explica que essa disparidade influencia na construção de políticas públicas para o gênero.
“Para que a mulher tenha suas pautas e reivindicações atendidas, ela precisa ter representantes dentro das casas de leis, sejam as municipais, estaduais ou federais. Há uma ideia disseminada de que a mulher não vota em mulher, mas que deveria votar. Na verdade, a mulher deveria votar em candidatos que façam políticas públicas também para as mulheres. No entanto, como temos pouca representatividade, as pautas que abordam os direitos do gênero acabam sendo minoritárias”, diz.
Segundo a socióloga, a participação da mulher precisa ser efetiva, para que sejam efetivadas também políticas públicas para as mulheres.
“Só quando tivermos uma representação forte, de mulheres, mas também de homens que defendam essas pautas, vamos conseguir quebrar essas desigualdades que são latentes na estrutura política, no mercado de trabalho, e em outros aspectos. Do contrário, vamos continuar reféns e nossas pautas continuarão limitadas”, conclui.
Aumento no número de candidatos
Um total de 12.436 candidatos concorrem vagas de prefeito, vice-prefeito e vereador nos 141 municípios de Mato Grosso nestas eleições, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número recorde de candidatos é 19,56% maior que nas eleições de 2016, quando 10.401 se candidataram.
As 141 prefeituras são disputadas por 479 candidatos, ou seja, são 3,4 concorrentes por vaga.
Já as 1.350 cadeiras de vereador são concorridas por 11.478 candidatos. Nesse caso, a concorrência é bem maior, de 8,5 candidatos por vaga.
Data da eleição
Pelo calendário original da Justiça Eleitoral, o primeiro turno estava marcado para 4 de outubro e o segundo, para 25 de outubro. Mas, em razão da pandemia da Covid-19, o Congresso Nacional decidiu adiar o pleito. Também por causa do coronavírus, não haverá necessidade de identificação biométrica nas eleições deste ano.
Com a mudança, o primeiro turno será no dia 15 de novembro e o segundo turno, onde houver, no dia 29 de novembro.
Campanha eleitoral
A propaganda eleitoral, inclusive na internet, é permitida a partir de 27 de setembro.
Desde este domingo até as 22h de 14 de novembro, poderá haver distribuição de material gráfico, caminhada, carreata ou passeata, acompanhadas ou não por carro de som ou minitrio.
Propaganda na internet
É permitido fazer campanha na internet por meio de blogs, redes sociais e sites.
Somente partidos, coligações ou candidatos podem fazer impulsionamento de conteúdo, que é o uso de ferramentas oferecidas por plataformas ou redes sociais para difundir o conteúdo a mais usuários e, assim, ter maior alcance.
É vedada a utilização de impulsionamento de conteúdos e ferramentas digitais não disponibilizadas pelo provedor da aplicação de internet, ainda que gratuitas. Não é permitido também contratar impulsionamento para propaganda negativa, como críticas e ataques a adversários.
Empresas e eleitores não podem fazer impulsionamento de conteúdo. Tanto candidatos e partidos quanto eleitores estão proibidos de contratar serviço de disparo em massa de conteúdo.
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