Após registrar números recordes de mortes pela Covid-19, o governo do Distrito Federal decidiu alterar a forma de divulgar boletins sobre o novo coronavírus. A partir desta quinta-feira, 20, serão apresentados dados detalhados apenas de óbitos que ocorreram no dia. O objetivo é deixar de somar vítimas de outras datas, mas que só tiveram a confirmação da causa da morte nas últimas 24 horas. A medida foi anunciada pelo secretário de Saúde do DF, Francisco Araújo, na quarta-feira. Ele afirmou que a população estava “desassossegada” com os números atuais. Hoje, por exemplo, o governo local confirmou 51 mortes, sendo oito ocorridas nas últimas 24 horas.
“Vamos fugir dessa metodologia que o País inteiro está usando, porque não está funcionando”, disse Araújo em entrevista à imprensa. A decisão do Distrito Federal ocorre dias após o recorde de 66 mortes confirmadas em 24 horas, registrado na segunda-feira, 17. O secretário afirma que as mortes mais antigas serão somadas a tabelas que mostram o total de vítimas durante a pandemia. Com a mudança, o Distrito Federal coloca em prática um desejo do presidente Jair Bolsonaro e do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, que foi barrado por pressão do Congresso e uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
O governo federal tentou, no começo de junho, mudar a forma de divulgar dados. A ideia era a mesma do Distrito Federal: retirar do foco a soma de mortes do dia com aquelas de datas passadas. Além de atrasar a divulgação dos boletins, o ministério chegou a retirar do ar o painel de informações sobre a Covid-19. Em 5 de junho, Bolsonaro comemorou: “Acabou matéria no Jornal Nacional”. Após as reações negativas, o governo Bolsonaro recuou e voltou a apresentar os dados agregados. O número de mortes do dia com o coronavírus como causa confirmada também é pouco fiel ao cenário da doença, pois há vítimas que levam até semanas para receber o diagnóstico correto. O ministério, por exemplo, somou 1.212 mortes às estatísticas na quarta-feira, 19, sendo apenas 279 de vítimas do dia. Porém, há outros 3.173 óbitos em investigação.
* Com informações do Estadão Conteúdo
Compartilhe