SÃO PAULO – Depois de um hiato de 16 meses, a aprovação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a superar numericamente a reprovação. É o que mostra nova rodada da pesquisa XP/Ipespe, realizada entre os dias 8 e 11 de setembro.
De acordo com o levantamento, 39% dos eleitores avaliam o governo como ótimo ou bom, ao passo que 36% consideram a atual gestão ruim ou péssima. A diferença de 3 pontos percentuais está dentro da margem máxima de erro do levantamento, de 3,2 pontos.
Esta é a quinta rodada consecutiva que registra oscilação ascendente do grupo dos que avaliam positivamente o governo e descendente dos que classificam negativamente. Do vale atingido em maio, Bolsonaro acumula uma recuperação de 4 pontos percentuais em seu nível ótimo ou bom. Com isso, o presidente se aproxima de seu maior nível (40%), registrado nos dois primeiros meses de governo.
Já do lado da rejeição, houve uma queda de 14 pontos percentuais nos últimos quatro meses. Com isso, o presidente retorna aos patamares pré-pandemia do novo coronavírus. O movimento coincide com a percepção de melhora quanto à crise sanitária e de apoio majoritário ao auxílio emergencial, ainda que o valor do benefício dos próximos quatro meses tenha sido reduzido de R$ 600 para R$ 300.
Os resultados também mostram que, até o momento, a alta nos preços dos alimentos não se traduziu em perda de apoio ao presidente. Nos últimos dias, o assunto gerou preocupação no Palácio do Planalto, e Bolsonaro chegou a cobrar “patriotismo” e pedir aos donos de supermercado que mantivessem uma margem menor de lucro em produtos da cesta básica.
O governo decidiu zerar, até o fim do ano, a alíquota do imposto de importação para o arroz em casca e beneficiado para aumentar a oferta. Em outra frente, Secretaria Nacional do Consumidor, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública notificou representantes de supermercados e produtores de alimentos para pedir explicações sobre a alta nos preços.
A análise estratificada dos dados da pesquisa mostra, no entanto, que, entre os eleitores com renda de até 2 salários mínimos (grupo que corresponde a 47% da amostra), a avaliação positiva de Bolsonaro chegou a 36% – maior patamar desde fevereiro de 2019. Já entre público com renda entre 2 e 5 salários, houve oscilação negativa de 2 pontos percentuais, para 52%, patamar ainda largamente superior ao de quando o presidente tomou posse (41%).
Mas é entre o eleitorado com renda superior a 5 salários mínimos que se verificou o maior salto nos níveis de aprovação do presidente, passando de 29% em agosto para atuais 46%. É a segunda maior marca já registrada por Bolsonaro, atrás apenas de janeiro deste ano e março de 2019. O grupo responde por 17% da amostra.
A pesquisa XP/Ipespe realizou 1.000 entrevistas telefônicas com eleitores de todas as regiões do Brasil, entre os dias 8 e 11 de setembro. A margem máxima de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
O levantamento mostra que 40% dos entrevistados já receberam o auxílio emergencial e 2% ainda acreditam que ainda serão beneficiados pelo programa, pago a trabalhadores informais e famílias da baixa renda, afetadas pela crise sanitária.
Entre os que receberam o benefício, 49% acreditam que, com a reabertura gradual da economia, sua renda voltará ao que era antes da pandemia. Outros 44% discordam. Considerando a redução do benefício para R$ 300, 43% dos beneficiários disseram que a renda familiar será menor.
Questionados sobre o Renda Brasil, novo programa de renda mínima em construção pelo governo federal para substituir o Bolsa Família, 49% dos atuais beneficiários do auxílio emergencial acreditam que não farão parte da lista de contemplados. Outros 25% esperam ser beneficiários pelo programa, enquanto 25% não souberam ou não responderam.
A pesquisa também mostra que 47% dos eleitores consideram positiva a decisão do presidente Jair Bolsonaro de prorrogar o auxílio emergencial até o fim do ano, ainda que com uma redução no repasse, de R$ 600 para R$ 300. Para 24%, a decisão é regular, enquanto 25% consideraram negativa.
Apesar da melhora da aprovação presidencial, o levantamento revela uma percepção negativa sobre a agenda econômica. Na avaliação de 48% dos entrevistados, a economia do país está no caminho errado – 10 pontos percentuais acima do grupo dos que avaliam positivamente os rumos adotados.
A pesquisa também mostra uma nova redução na percepção de risco de perda de emprego a população. São 52% que acreditam serem altas as chances de manter o posto que hoje ocupam e agora 39% que avaliam tal possibilidade como pequena. Em maio, os dois grupos chegaram a somar 54% e 39%, respectivamente.
Por outro lado, houve um repique na percepção quanto às próprias dívidas. O grupo dos que acreditam que elas crescerão em seis meses chegou a bater 45% em abril, caiu para 24% em agosto e agora subiu para 28%. Já os que esperam uma diminuição nas dívidas foi de 14% em abril, para 27% no mês passado e agora somam 24% dos entrevistados.
No âmbito da pandemia de Covid-19, a pesquisa mostra um novo aumento de eleitores que acreditam que o pior da crise já passou. O grupo, que somava 22% em maio, agora representa 60% dos entrevistados. Já os que entendem que o pior ainda está por vir saiu de 68% para 32% no mesmo período. Na avaliação de 62%, haverá uma vacina disponível para a população entre este ano e o primeiro semestre de 2021.
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