Bolsonaro aposta na vacina contra a Covid-19 ainda neste ano

O presidente Jair Bolsonaro quer se ligar agora na imagem das vacinas contra a Covid-19. Os tempos da cloroquina estão ficando para trás. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello trabalhou em silêncio e montou uma estrutura para produzir aqui no Brasil uma série de vacinas e chegar primeiro na guerra mundial pela imunização. Na reunião de ministros com o presidente, a logística foi apresentada à cúpula do governo e aprovada com louvor.  O Ministério da Saúde tem reservado R$ 1 bilhão para apostar forte na produção de vacinas. As fábricas de equipamentos hospitalares já foram acionadas e mais de 300 milhões de agulhas e seringas já estão sendo encomendadas e, se for preciso, conforme a lei que vigora na pandemia, haverá pagamento adiantado. Este é um gargalo importante, o equipamento para aplicação das vacinas.

Na explanação, o ministro Pazuello foi otimista. Em dois meses já estará com vacina em campo imunizando primeiro os profissionais de saúde e depois os vulneráveis. O incrível é que internamente o governo conta mesmo com a possibilidade de início de vacinação ainda neste ano. Para este salto, nada de limites ideológicos. A russa Sputnik já está sendo levada a sério. A vacina chinesa Coronavac também será produzida por aqui e a inglesa criada na Oxford já tem parceria com a Fiocruz. Internamente a única resistência fica por conta de parcerias com o Butantan, chamada ironicamente de “vacina do Doria”. A parceria com a Fiocruz já está em andamento e outros contratos estão em andamento. Há também esperanças na possibilidade de uma vacina brasileira.

O ministro e astronauta Marcos Pontes promete surpreender com a vacina brasileira e alerta que o produto brasileiro está adiantado. O ministro já apostou em medicamentos que deram certo no laboratório, mas que não conseguiram comprovação científica em campo. A atividade do ministro Eduardo Pazuello é que levou o presidente Jair Bolsonaro a colocá-lo como ministro definitivo, saindo da incômoda posição de interino há quatro meses. Os relatos de reuniões no Palácio indicam que há um otimismo sobre a vacina e a aposta é que Bolsonaro vai colher os dividendos políticos desta saída. O SUS está preparado para a vacinação em massa, mas a recomendação é de que não seja imunização obrigatória.

Pesquisa realizada para a Jovem Pan pelo Instituto Paraná mostra que a maioria dos brasileiros querem a obrigatoriedade, 52,2 por cento. Sem a obrigatoriedade, 61,2 por cento dizem que vão se vacinar. O curioso é que 26,9 dos entrevistados dizem que a decisão de se vacinar ou não depende da origem da vacina. Os resistentes existem também e 8,7 por cento dos brasileiros não tomarão a vacina.  Há um grupo contrário às vacinas. Esta linha se alimenta da teorias de que depois das vacinas dispararam os casos de hiperatividade e de autismo. São desconfianças sem bases reais em pesquisas e não ficam só aqui no Brasil, um movimento internacional chega a interferir em coberturas vacinais. Para o futuro, com a gestão da inteligência artificial, as vacinas podem nem ser obrigadas, mas quem não se vacinar fica fora de adesões importantes. O plano de saúde por exemplo poderá cobrar mais caro de famílias sem vacina e escolas rejeitarem alunos sem vacina. Empregos poderão dizer “legal, você tem o direito de não se vacinar e nós temos o direito de não aceitar para o trabalho quem não se imuniza”.

*José Maria Trindade é repórter e comentarista de política na Jovem Pan.

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