Nikaiti Mekranotire, de 76 anos, morreu nesta quarta-feira (26). A morte dele foi a primeira registrada pela doença na Aldeia Kororoti. Cacique indígena Nikaiti Mekranotire morreu aos 76 anos
Divulgação
O cacique indígena Nikaiti Mekranotire, de 76 anos, morreu de Covid-19, nesta quarta-feira (26), na Aldeia Kororoti, que fica em Guarantã do Norte (MT). Ele era uma das grandes lideranças do povo Kayapó, no estado. A morte dele foi a primeira registrada pela doença na aldeia.
Nikaiti era casado e tinha seis filhos.
O cacique foi atendido por uma equipe médica contratada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) para atuar nos casos de Covid-19, na Unidade Básica de Saúde Indígena, que fica na aldeia. A equipe conta com médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e tem na unidade concentradores de oxigênio e medicações necessárias para o tratamento da doença.
De acordo om um enfermeiro da equipe, a evolução do quadro foi rápida. O cacique começou a passar mal há aproximadamente quatro dias.
Ele tinha algumas comorbidades. Era fumante e tinha doença pulmonar.
Durante a pandemia, a rotina do cacique era na aldeia.
Atualmente, tem mais de 20 casos de coronavírus na aldeia, mas nenhum caso grave. Os infectados estão sendo monitorados pelos médicos.
A aldeia tem aproximadamente 200 moradores.
O sepultamento do líder indígena será na própria aldeia, com rituais fúnebres do povo Kayapó, mas as orientações sobre o velório e enterro de pessoas mortas pela doença devem ser seguidas.
Mayalú postou uma foto dela com o avô, cacique Raoni, e com o cacique Nikaiti
Twitter/Reprodução
No Twitter, a filha do cacique Megaron Txucarramãe e neta do cacique Raoni Metuktire, Mayalú Txucarramãe, lamentou a morte do cacique Nikaiti.
“Nikaiti Mekranotire é do povo Mebengôkre/Kayapó da Aldeia Kororoti, perdemos uma enciclopédia Kayapó, um grande mestre”, disse Mayalú, em publicação no Twitter.
Aritana Yawalapiti também morreu de Covid neste mês
Antônio Carlos Banavita
Além de Nikaiti, outros lideranças indígenas morreram no estado por Covid-19. Um deles é o cacique Aritana Yawalapiti, líder do povo yawalapiti e um dos últimos falantes do idioma tradicional da etnia, no Parque do Xingu, em Mato Grosso.
Aritana morreu aos 71 anos no dia 5 deste mês, em um hospital de Goiânia, depois de contrair a doença.
Juca Kamayurá foi lutador de huka-huka – luta tradicional dos povos indígenas do Xingu
Reprodução/Facebook
Em julho, o ancião do povo Kamayurá, Juca Kamayurá morreu com Covid-19. Juca foi também um lutador de huka-huka – luta tradicional dos povos indígenas do Xingu – e era respeitado na região por ter vencido várias batalhas.
Mortes de indígenas
Mato Grosso é o segundo estado brasileiro com mais mortes de indígenas por coronavírus. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), já são 118 indígenas vítimas da doença no estado. Mato Grosso fica atrás somente do Amazonas, que registra 190 mortes dos povos indígenas.
As mortes foram registradas nas etnias Xavante, Kalapalo, kurâ Bakairi, Bororo-Boe, Umutina, Chiquitano, Kamayurá, Apyãwa Tapirapé, Paresi, Kaiabi, Rikbaktsa e Kuikuro.
De acordo com a Apib, o povo xavante lidera os casos de mortes em Mato Grosso: foram 47 indígenas mortos. Os casos se concentram nos municípios de Barra do Garças, Rondonópolis, Campinápolis e General Carneiro.
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