O cacique Raoni, maior liderança indígena do Brasil, testou positivo para a Covid-19. A informação, desta segunda-feira, 31, é do instituto que leva seu nome. O líder indígena está internado com sintomas de pneumonia, mas está em boas condições de saúde, afirmou a entidade.”Após um mês de alta, Raoni foi novamente internado com sintomas de pneumonia. Exames realizados e sorologia confirmaram a Covid-19. Seu estado é bom, sem febre, respirando normalmente e sem ajuda de oxigênio. Raoni teve covid-19 e os exames mostram presença de anticorpos e [que ele está] fora de perigo”, afirmou. No mês passado, o cacique foi internado em Mato Grosso após agravamento do seu quadro de saúde. Em junho, o líder da etnia caiapó perdeu a mulher, Bekwyjkà Metuktire, e, desde então, passou a apresentar um quadro depressivo. Indicado ao prêmio Nobel da Paz em 2019, Raoni estava internado em um hospital de Colíder (MT), mas foi transferido para Sinop (MT), depois de seu estado de saúde piorar.
Em setembro do ano passado, Raoni esteve em Brasília onde se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para falar sobre direitos aos povos indígenas. Um dia antes dessa visita, o presidente da República Jair Bolsonaro havia feito críticas diretas ao cacique. “Acabou o monopólio do senhor Raoni”, disse, ao citar Ysani Kalapalo, liderança indígena que viajou com Bolsonaro aos Estados Unidos. Em contrapartida, em junho do ano passado, o cacique fez críticas à forma como o governo tem conduzido as políticas indigenistas e disse que seu povo corre o risco de desaparecer, se nada for feito. “Queremos dialogar com o governo, mostrar a ele que nós, indígenas, não aceitamos o que Bolsonaro pensa sobre nós, não aceitamos a violação dos direitos indígenas e dos territórios indígenas. Essa gestão é contra o povo indígena”, disse na ocasião. O cacique tentou se reunir com o presidente, mas teve seu pedido de encontro negado. Desde o início do governo Bolsonaro, as demarcações de terras indígenas no país foram paralisadas. O que se pretende é abrir as áreas atuais para exploração das áreas, o que hoje é proibido por lei.
*Com Estadão Conteúdo
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