A revista satírica francêsa “Charlie Hebdo” levará às bancas nesta quarta-feira, 2, as charges de Maomé, pelas quais em 2006 tornou-se alvo de jihadistas, que finalmente atacaram a redação em 2015, matando 12 pessoas, coincidindo com o início do julgamento do massacre amanhã. As charges da edição desta semana já estão disponíveis nesta terça no site da revista francesa. “Jamais cederemos. Jamais renunciaremos”, escreveu Riss (pseudônimo de Laurent Sourisseau), que sobreviveu ao ataque com ferimentos graves e hoje dirige o semanário.
Trata-se de uma série de 12 desenhos retomados em 2006 pelo “Charlie Hebdo” após a sua publicação em setembro de 2005 no jornal dinamarquês “Jyllands-Posten”. Neles há uma caricatura do profeta chorando de joelhos e com a mensagem “É difícil ser amado por idiotas”. Uma ilustração de Cabu, morto no ataque de 7 de janeiro de 2015. “Tout ça pour ça” (“Tudo isso por isso”), é a capa desta edição especial dos julgamentos, com uma montagem que inclui todos os desenhos daquela edição polêmica.
Os editores da revista explicam que, desde 2015, muitas vezes foram solicitados a incluir novos cartuns de Maomé e sempre recusaram. “Não que seja proibido, a lei permite, mas porque foi necessário um bom motivo para fazê-lo, um motivo que tenha um sentido e que contribua em algo para o debate”, diz a redação de artigo em edição, que chega amanhã às bancas.
COMEÇA JULGAMENTO DOS ACUSADOS PELO MASSACRE
O motivo principal, cinco anos depois, foi o início do julgamento contra os supostos cúmplices dos terroristas que cometeram os ataques em 2015 contra a revista, mas também contra o supermercado judeu Hyper Cacher, em Paris, e um policial municipal no sul da capital. No total, são 14 acusados: dez em prisão provisória, um liberdade sob controle judicial e três outros, incluindo o parceiro de Coulibaly, Hayat Boumeddiene, em um mandato de busca e apreensão, para os quais sentenças que vão desde prisão perpétua até 10 e 20 anos de prisão.
Eles são acusados pela Justiça de participar de uma organização criminosa terrorista e de diversos graus de cumplicidade, seja na prestação de apoio logístico, financeiro ou material, como armas ou veículos. O julgamento terminará em 10 de novembro. Até então, 49 dias de audiências, com 94 advogados, 144 testemunhas, 90 meios de comunicação credenciados e 200 partes constituídas como acusação particular.
*Com informações da EFE
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