Você sabia que um em cada três brasileiros apresenta algum transtorno ou sofrimento mental? Esses resultados são do Global Burden of Diseases, uma importante publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizada antes da pandemia da Covid-19. O estudo mostrou que entre as dez principais causas de doenças no Brasil, a ansiedade e a depressão ocupam o 5º e 6º lugar, respectivamente, apenas atrás das dores crônicas no pescoço, costas, doenças de pele e enxaqueca. Além disso, o uso do álcool e outras drogas constituem o principal fator de risco para desencadear outras doenças ou mortes, antes de outros fatores como hipertensão arterial, açúcar elevado e sobrepeso. Mas qual seria a definição de saúde mental? Conforme a OMS, é um componente integral e essencial da saúde que engloba o físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade emocional. Debates recentes definem ainda a saúde mental como um estado de bem-estar em que o indivíduo é capaz de realizar suas habilidades, enfrentar os estresses da vida diária, trabalhar com produtividade e ser capaz de contribuir com a comunidade em que vive.
Com a Covid-19, tem havido uma piora importante da saúde mental dos brasileiros. Segundo pesquisa sobre Saúde Mental e Pandemia recém divulgada pela Fiocruz, 54% dos mais de 40 mil entrevistados disseram se sentir tristes, deprimidos, ansiosos ou nervosos, e este percentual chegou a 70% entre os adultos jovens de 18 a 29 anos. Houve aumento exponencial de ansiedade e depressão em adultos e jovens, além de piora em quadros de ansiedade, insônia, dor e burnout. Infelizmente, o uso indiscriminado de medicamentos antidepressivos, o consumo abusivo do álcool e do cigarro, o descontrole alimentar, a redução expressiva nas horas dedicadas a atividades físicas, assim como um maior número de horas sedentárias gastas nas telas da TV ou do celular foram referidas como as formas mais comuns de “enfrentamento” para o momento atual.
E você, como você está? Como anda a sua saúde mental? Você anda desanimado, preocupado, com insônia, apresentando alterações no humor, se pega às vezes com vontade de chorar ou com medo de ficar doente? Acalme-se! Você está vivendo a angústia adequada a este momento de grandes perdas e indefinições. Sentir medo é o que te faz buscar informações embasadas, seguir orientações de enfrentamento da pandemia, continuar trabalhando e cuidando das suas responsabilidades diárias. Por outro lado, dar colo aos seus afetos negativos e deixar que eles se expressem é uma forma saudável de, dentro da realidade de cada um, pensar como iremos atravessar este tsunami de emoções e nos mover em direção à vida, agora e no período pós-pandemia.
Cada um de nós tem em seu universo particular maneiras de enfrentar suas angústias. Alguns ouvem música, tocam um instrumento, leem, escrevem, estudam, arrumam a casa, cozinham, choram, fazem chats, ficam em completo silêncio, curtem animais, amigos, jogam videogame, fazem exercícios, meditam, alongam, respiram, rezam, assistem lives, aprendem arte ou se engajam em projetos sociais. Evite comportamentos deletérios. Faça o que tem a ver com você, faça o melhor que você pode naquele instante, e faça uma lista de desejos para quando tudo isso passar. Perceba que buscar aquilo que faz sentido para você será o motor das nossas ações hoje e sempre.
Caso sua angústia esteja persistente, caso você não consiga parar de sentir tristeza, caso seu sofrimento esteja paralisando a sua capacidade de seguir em frente, procure ajuda de um profissional de saúde mental. Você certamente será amparado e reencontrará seu equilíbrio. Se quiser sugerir algum tema para as próximas colunas, escreva para mim: dracamila@jovempan.com.br. Até a próxima!
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