Corticoide reduz tempo que pacientes adultos da Covid-19 precisaram de respirador mecânico, mostra estudo


Após revisão de estudos sobre o medicamento, a OMS passa a recomendar corticoide no tratamento de coronavírus em ‘pacientes críticos’. Um farmacêutico exibe uma ampola do corticóide dexametasona em hospital de Bruxelas, na Bélgica, em 16 de junho de 2020.
Yves Herman/Reuters
Pacientes adultos internados com quadro grave de coronavírus que receberam corticoide ficaram 2,6 dias a menos no respirador mecânico que os pacientes que não receberam a droga. A conclusão é de um estudo brasileiro publicado nesta quarta-feira (2) na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA).
Os cientistas acompanharam 299 pacientes submetidos ao respirador mecânico por causa da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), internados em 41 UTIs do país. A idade média do grupo era de 60 anos.
Segundo os pesquisadores, o corticoide foi capaz de recuperar mais rapidamente o pulmão dos pacientes, diminuindo a permanência deles na ventilação mecânica e, consequentemente, diminuindo as chances de complicações da doença.
Chamado de Coalizão III, o estudo foi conduzido por um grupo de hospitais, rede e instituto de pesquisas nacionais intitulado Coalizão Covid-19 Brasil, que avalia a eficácia e a segurança de potenciais terapias para pacientes com coronavírus. A iniciativa conduz nove estudos ao todo.
Um dos primeiros estudos a relacionar o corticoide com uma melhora nos casos graves de coronavírus foi realizado pela Universidade de Oxford. Publicado em 16 de junho, a pesquisa britânica mostrou que diminuiu em um terço a taxa de mortalidade de pacientes entubados.
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Da classe dos corticosteroides, a droga que age como um anti-inflamatório e imunossupressor (inibe a ação do sistema imunológico). Sua forma de ação, seja como anti-inflamatório como imunossupressor é diferente de acordo com a dose aplicada.
O que diz a OMS
Ainda nesta quarta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma revisão de estudos, em formato de meta-análise que compilou os resultados do Coalizão III e de outras pesquisas que utilizaram corticoides em Covid-19. Os resultados demonstraram, em linhas gerais, que a administração de corticoides reduz a mortalidade em pacientes graves com coronavírus.
Com base na revisão dos estudos, a OMS também publicou orientações sobre o uso do medicamento nesta quarta.
“Recomendamos corticosteroides para o tratamento de pacientes críticos com casos graves da Covid-19. Sugerimos não usar corticosteroides no tratamento de pacientes que não tenham casos graves da Covid-19”, informa documento da OMS.
O documento também informa que os corticoides fazem parte da lista de medicamentos essenciais da OMS, e que eles estão “disponíveis em todo o mundo a um baixo custo”.
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