O advogado do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), nega que o cliente tenha recebido propina de R$ 554 mil, conforme denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e que levou a Operação Tris in Idem e ao afastamento do governador. A decisão do STJ aponta que o escritório de direito da primeira-dama, Helena Witzel, foi usado para “escamotear o pagamento de vantagens indevidas ao governador, por meio de contratos firmados com pelo menos quatro entidades de saúde”, ou seja, o local teria sido usado para repassar valores provenientes de desvios a Witzel. No entanto, Roberto Podval afirma as acusações são baseadas “na palavra de um delator”, ressaltando que não há provas contra o governador. “Tudo o que temos, e essa é a grande crítica da defesa, é uma palavra de um delator [ex-secretário de saúde, Edmar Santos], que foi encontrado com mais de R$ 8 milhões em dinheiro na Europa e no Brasil. Tivemos acesso aos autos por meio dos meios de comunicação, porque o ministro Benedito Gonçalves não prevaleceu a defesa. Então, tudo é baseado nas palavras de um delator, não há prova de absolutamente nada. Para fazer justiça é preciso ouvir o outro lado também”, afirma o advogado, reforçando que Wilson Witzel não foi “sequer ouvido”.
Roberto Podval reconhece que “não conhecia o governador anteriormente”, mas garante que Witzel é um homem honesto. “Não vejo o governador como um homem corrupto, podem ter críticas políticas ao governador, mas fizeram buscas e não encontraram nada, ele foi magistrado sem nunca ter uma mancha. Todos que conhecem o governador atestam sua honestidade. Não vejo o governador como um homem desonesto”, afirma. Segundo o advogado, os R$ 554 mil indicados pela PGR como provenientes de propina seriam valores recebidos por Witzel antes de assumir o cargo público, como pagamento de honorários por seus serviços como advogado. “Esses fatos são anteriores ao cargo de governador”, reforça.
Assim como Witzel, a defesa alega que interesses políticos podem ter motivado o afastamento do governador. “Estamos nos aproximando de uma eleição e temos um governador que não tem apoio de quem o elegeu, o presidente Jair Bolsonaro, que tem interesse no Rio de Janeiro. Então tem um interesse e isso cria uma tensão natural”, disse. “Tem se misturado os interesses políticos com o Judiciário, mas o Judiciário não pode fazer um papel político ou interromper a política. Questões políticas devem ser tratadas dentro do quadrado político”, reforçou. No entanto, Roberto Podval nega que a defesa tenha fatos que comprovem influência ou o uso político da Procuradoria-Geral da República. Na sexta-feira, o governador do Rio de Janeiro atacou diretamente a subprocuradora Lindora Araújo, que comanda a operação Lava Jato, dizendo que estava sendo perseguido pela procuradora. A defesa alega, no entanto, que são apenas teses.
“Não temos comprovação. O que ele disse [ Witzel] é que em tese há um movimento da PGR favorável ao governo federal e contra o governo do Rio de Janeiro. O que eu posso dizer é que não tivemos acesso às investigações, trata-se apenas de uma delação, não se afasta um governador como foi feito, ele sequer foi ouvido. Não há nenhuma prova, indicação ou apontamento que enquanto governador do estado fez atos ilícitos. Ele afastou todos que foram acusados de qualquer ato ilícito, então não tinha porque afastá-lo como aconteceu”, defende. Wilson Witzel foi afastado do cargo de governador do Estado do Rio de Janeiro por seis meses por acusações de corrupção.
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