Eleições 2020: A Zona Oeste SP e os desafios para os próximos quatro anos

A cena dos carros cobertos pela água da chuva no início deste ano não sai da cabeça da professora Graziella Rodrigues, que mora na Zona Oeste de São Paulo. A região foi a mais impactada pelo temporal que atingiu a capital paulista em fevereiro. A água invadiu o apartamento no térreo do edifício e trouxe um prejuízo de quase R$ 7 mil. Graziella já se prepara para o próximo período de chuva e reclama da cobrança do IPTU que tinha acabado de chegar. “Eles tão cobrando o IPTU para eu pagar no valor de R$ 1 mil. Quer dizer, um lugar super vulnerável, a prefeitura tinha obrigação de isentar nós que somos moradores dessa região”, afirma. As enchentes que vem com a chuva de verão geralmente são um dos primeiros desafios dos prefeitos no início do mandato. Segundo o urbanista Flamínio Fichmann, esse problema é recorrente na cidade por causa de um planejamento mal executado no passado nos rios Tietê e Pinheiros. “O que aconteceu foi exatamente uma política mal direcionada onde, o que a gente fez, a gente tentou aprofundar a calha do rio e construímos as vias em volta, por isso chama marginais. Nós não respeitamos o leito do rio.”

Na Zona Oeste também está a CEAGESP, o maior entreposto de alimentos da América Latina. Em outubro do ano passado, os governos federal e estadual assinaram um acordo para fechar o local e passar a responsabilidade de construir um ou mais entrepostos para a iniciativa privada. Embora a negociação tenha acontecido em outras esferas, o novo prefeito terá a responsabilidade de fazer o planejamento da área, de acordo com o urbanista Flamínio Fichmann. “Vai ter um apelo imenso das construtoras para edificar ali. É uma região bastante nobre e bastante interessante. Se não houver um planejamento adequado, novamente nós vamos criar mais problemas do que soluções”, explica.

O futuro do Elevado Presidente João Goulart, mais conhecido como Minhocão, deve ser um dos desafios que o próximo prefeito ou prefeita deve enfrentar. Há anos a prefeitura da capital paulista tenta transformar essa ligação da Zona Oeste ao Centro em parque linear. A proposta chegou a ser aprovada em 2016 e, em julho deste ano, a gestão municipal deu início a primeira etapa do projeto. Segundo o plano diretor, o Minhocão deve estar totalmente fechado para veículos em 2029. Mario Martinelli, diretor da Associação Cormercial e responsável pela Zona Oeste da cidade, não se opõe a demolição, mas faz uma ressalva. “A desativação dele não vejo nenhum problema, desde que amplamente discutido com todos os envolvidos. Mas não esquecendo que é uma via, sem alternativa não vejo como    desativá-lo”, diz. Esse também o receio do zelador João Aparecido de Aguiar, que trabalha na região. “Eu sou a favor, mas queria saber para onde vai colocar esse trânsito que tem aqui. Porque o trânsito aqui na parte da tarde é muito grande, né? “, opina o trabalhador. A comerciante Fabiana Gomes reclama dos usuários de drogas que ficam embaixo do Minhocão. “Só mudar de lugar a Cracolândia, as autoridades precisam fazer alguma coisa para ontem e não para quatro ou cinco anos.”

*Com informações da repórter Nicole Fusco

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