Oficializado como pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo neste sábado, 12, o ex-secretário municipal de Transportes Jilmar Tatto fez críticas à gestão Bruno Covas/João Doria (PSDB), antecipou propostas de governo e ignorou o presidente da República, Jair Bolsonaro, ou assuntos de caráter nacional. Isolado pela primeira vez na disputa, o partido deve anunciar o nome da historiadora Selma Rocha, da Fundação Perseu Abramo, como vice na chapa. Ao lado do ex-prefeito Fernando Haddad, Tatto se concentrou em questões locais. Prometeu rever todos os contratos da Prefeitura, aumentar a taxa paga pelos mais ricos em impostos municipais, como ISS e IPTU, e ainda implantar gradualmente o passe livre no sistema de ônibus. Hoje, a tarifa unitária custa R$ 4,40.
Diferentemente de seus adversários, que optaram por dar um tom nacional aos lançamentos de suas pré-candidaturas, Tatto não mencionou o presidente Jair Bolsonaro em seu discurso. Coube ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que gravou um vídeo, nacionalizar o evento. “A partir de São Paulo, e de cada cidade neste País, vamos juntos reconstruir este nosso Brasil”, disse Lula. A “reconstrução” do Brasil a partir das cidades é o mote nacional das campanhas do PT nestas eleições municipais. Lula deve repetir o bordão em programas dos 85 candidatos petistas lançados em cidades onde o segundo turno é previsto.
Com pouca densidade eleitoral fora da zona sul da capital, especificamente da Capela do Socorro – apelidada de “Tattolândia” devido à forte influência de sua família na política local -, Tatto tentou se apresentar como responsável por vários programas implantados nas administrações do PT. Afirmou que são suas, por exemplo, as políticas que resultaram em corredores de ônibus e o bilhete único.
Jilmar Tatto foi secretário municipal de Abastecimento, de Transportes e da Casa Civil durante o governo de Marta Suplicy e novamente secretário dos Transportes na gestão Fernando Haddad. “Você pode ainda não conhecer o Jilmar Tatto, mas com certeza conhece os benefícios do trabalho dele”, disse Haddad. O ex-prefeito acompanhou o pré-candidato em uma laje no Jardim São Luís, zona sul, de onde foi transmitida pela internet a oficialização da pré-candidatura
Na sexta, 11, Haddad chegou a cancelar sua presença alegando que tinha um compromisso mais cedo. A decisão gerou uma crise no PT de São Paulo. O legado do ex-prefeito é um dos pilares da campanha de Tatto. Depois de muita pressão, Haddad voltou atrás e decidiu participar. A exemplo do que Guilherme Boulos fez na semana passada, quando o PSOL lançou sua pré-candidatura à Prefeitura, o PT também escolheu uma comunidade carente para realizar seu evento e reforçar simbolicamente o compromisso do partido com a periferia e a população mais pobre da cidade.
Tatto fez várias críticas à gestão Covas/Doria, a quem acusou de reduzir o tempo do bilhete único de quatro para duas horas e diminuir a qualidade da merenda nas escolas municipais, entre outros supostos retrocessos em relação às políticas implantadas nas gestões do PT. O atual governador João Doria sucedeu Haddad na Prefeitura, mas ficou apenas 15 meses no cargo para disputar e vencer o governo do Estado.
Pesquisas
Indagado depois do evento sobre o fato de estar atrás de Boulos nas pesquisas, Tatto disse que ainda é desconhecido da maior parte do eleitorado e que, em 2012, Haddad tinha o mesmo porcentual nas pesquisas (pouco mais de 2%) e mesmo assim acabou eleito. Sobre o fato de não ter citado Bolsonaro em seu discurso, o candidato disse: “Não faz bem para a alma ficar falando do Bolsonaro. Hoje eu estava tão leve, tão feliz.” Na segunda-feira, 14, o PT deve anunciar o nome da historiadora Selma Rocha, da Fundação Perseu Abramo, como candidata a vice. Ela foi escolhida na manhã deste sábado, mas a formalização depende de questões jurídicas. Selma é funcionária da USP e o partido tem dúvidas sobre a necessidade de ela ter que se desincompatibilizar para compor a chapa.
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