Em mensagem, Bolsonaro pediu a Moro: ‘Tenha a dignidade de se demitir’

A Polícia Federal pediu ao STF uma nova prorrogação, por 30 dias, das investigações que estão sendo feitas sobre a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF. A abertura do inquérito, a pedido da Procuradoria Geral da República, foi autorizada no final de abril pelo ministro Celso de Mello e tem como base a denúncia feita pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. Depois disso, Moro pediu demissão alegando suposta tentativa de Bolsonaro de interferir na PF para proteger familiares e aliados.  O presidente nega a interferência. Nos documentos anexados ao inquérito, há provas de que Bolsonaro sugeriu demissão a Sergio Moro pela opinião do então ministro em relação à prisão de pessoas que descumprissem regras de isolamento sanitário em razão da pandemia. A mensagem, de 12 de abril, foi enviada pelo presidente após a publicação de uma reportagem pelo jornal “Valor Econômico” que registrou a opinião dada por Moro em uma videoconferência com empresários.

Na ocasião, Sergio Moro explicou que a portaria permitiria que a polícia atuasse até coercitivamente para o cumprimento das regras. Após a publicação da reportagem, Bolsonaro enviou um link do texto para o ministro e disse”Se esta matéria for verdadeira: Todos os ministros, caso queira contrariar o presidente, pode fazê-lo, mas tenha dignidade para se demitir. — Aberto para a imprensa.” Moro então respondeu que “o que existe é o artigo 268 do Código Penal” e ressaltou que não falou com a imprensa.

Jair Bolsonaro sempre criticou a possibilidade de prisão de pessoas que não obedecessem as medidas. Não há, até o momento, nenhuma avaliação quanto à relação entre esta mensagem e a investigação de possível interferência do presidente na Polícia Federal. A prorrogação do inquérito deve ser decidida pelo ministro Celso de Mello, que continua de licença da Corte por motivos de saúde até o dia 11 de setembro.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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