Isolamento na pandemia leva filhos a ficar mais dependentes dos pais

Com mais de cinco meses de isolamento social, os três filhos da publicitária Dayane Cupertino passaram a apresentar mudanças no comportamento. O João, de 12 anos, tem ficado muito mais tempo no computador e a Carol, de 8, está com algumas dificuldades na escola. Já a Luiza, que tem 4, precisa de mais atenção dos pais para completar as atividades remotas. A Dayane entende que as mudanças no humor e postura dos filhos têm relações com a quebra da rotina que estavam acostumados, mas o desempenho escolar é uma grande preocupação. “Ontem mesmo eu percebi que ela [Carol] está com mais dificuldade para fazer a leitura, coisa que quando estava em aula era super comum. Então, queira ou não, acredito que pelo fato de não manter uma rotina de aula isso acaba atrapalhando um pouco”, explica. Mais da metade dos pais compartilham das mesmas impressões de Dayane: 67% dos responsáveis ouvidos por uma pesquisa da Datafolha notaram que os filhos estão com dificuldade na rotina de estudos remotos durante a pandemia. O mais preocupante é que 38% temem que os estudantes – principalmente do Ensino Médio – não voltem para a escola quando a reabertura for permitida. De acordo com a gerente da pesquisa, Patrícia Mota Guedes, o apoio dos professores se mostra ainda mais crucial neste momento. “Quando os professores conseguem dar esse apoio, seja com exercícios ou conversando com o aluno, os estudantes ficam mais motivados”, afirma.

Crianças e, principalmente, adolescentes, se apoiam nos grupos sociais como uma forma de descoberta interna e busca por pertencimento. Quando essa convivência é reduzida, mudanças comportamentais são comuns. A pesquisa da Datafolha revelou que 48% dos pais sentiram os filhos mais irritados, e 64% notaram uma ansiedade maior durante o isolamento. A psicóloga Escolar, Priscila Gil Neto, afirma que variações bruscas são sinais de alerta, e aconselha que os pais ajudem os filhos a encarar esse momento com leveza. “O que nós incentivamos é o aluno ter a própria consciência, parar um pouco, dar uma volta no quintal mesmo, nada que vá expor”, diz a especialista. A pesquisa da Datafolha foi feita em parceira com a Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures e ouviu responsáveis por alunos matriculados em escolas públicas com idades entre 6 e 18 anos.

*Com informações da repórter Nanny Cox

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