Julgamento de Deltan no CNMP mobiliza procuradores e Congresso

Conselho Nacional do Ministério Público julga nesta terça-feira, 8, a conduta de Deltan Dalagnol nas redes sociais. O caso perde força, pois o procurador deixou o comando da Lava Jato em Curitiba na semana passada. No entanto, colegas do magistrado vem se mobilizando contra uma possível punição e a consideram uma afronta à liberdade de pensamento. Temendo prescrição, o ministro Gilmar Mendes anulou a decisão de Celso de Mello que tinha suspendido o julgamento, em agosto. O senador Renan Calheiros acusa Deltan Dallagnol de tentar interferir na eleição para a presidência da casa em 2019. Na ocasião, o procurador publicou em rede social que, caso o emedebista comandasse o legislativo, a pautas anticorrupção não avançariam. A outra queixa que já perdeu a validade era Kátia Abreu que solicitava a retirada dele do comando da Lava Jato.

Em vídeo publicado nas redes sociais, a procuradora Luciana Cardoso sai em defesa de Deltan Dallagnol e ataca Gilmar Mendes. “Nesse julgamento veremos se o Conselho reconhecerá a força dos argumentos colocados pelo decano do STF e se o direito constitucional à liberdade de expressão continuará sendo garantido”, diz. No manifesto divulgado nas redes, o sucessor no comando da Lava Jato, Alessandro Oliveira, também defende o colega. Falando à Jovem Pan, o procurador Deltan Dalagnol afirma que a sociedade deve estar atenta ao julgamento. “Eu acredito que esses processos que continuam, devem ser jugados de acordo com os fatos, com a lei e, como eu disse, o máximo que pode acontecer é uma suspensão. Agora a gente não pode deixar de notar este ambiente maior de vingança e de querer esvaziar o combate à corrupção. A minha maior preocupação hoje não tem com o time da Lava Jato, que segue firme e tem muito trabalho por fazer, minha preocupação maior é com esse ambiente maior e com as decisões que vão ser tomadas na Procuradoria-Geral da República, no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal e no Conselho Nacional do Ministério Público. E essa luta contra corrupção não é uma luta de uma investigação, de um procurador, de um processo, de um time de procuradores, é da sociedade brasileira”, afirma. Deltal Dallagnol deixou o comando da Lava Jato em Curitiba, na semana passada, alegando problemas pessoais.

No Congresso, parlamentares que defendem a Lava Jato, como o senador Major Olímpio (PSL-SP) também se mobilizam. “É o absurdo dos absurdos, mas fica manifesto o desejo de punir um dos principais protagonistas da Operação Lava jato. Como diz o Millôr Fernandes, o Brasil é o único país onde os ratos estão culpando o queijo. Lamentável”, afirma. O senador Major Olímpio reitera que Gilmar Mendes, de forma lamentável, contraria o decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello. Já o ex-juiz Sergio Moro declarou recentemente que operação Lava Jato vem sofrendo revezes.

*Com informações do repórter Afonso Marangoni

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