A senadora Kátia Abreu (PP-TO) se preocupa com a possibilidade do presidente Jair Bolsonaro seguir o pensamento de alguns ministros “fura teto”, ou seja, que defendem ultrapassar o teto de gastos definido para 2020. A parlamentar entende que o chefe do Executivo federal deve seguir as recomendações de Paulo Guedes, ministro da Economia, para evitar um possível impeachment por improbidade administrativa. “Espero que essa situação não se concretize como uma opção do presidente Bolsonaro em detrimento do Paulo Guedes, que significa ali alguém que tem compromisso com o teto de gastos. Essa possibilidade [ultrapassar o teto de gastos] sinaliza algo muito ruim, não só para a política, mas também para o mercado, para os investidores e para que o Brasil possa voltar a crescer. Quando o Paulo Guedes coloca o perigo do impeachment não é uma ameaça, talvez ele não tenha colocado bem. O que ele está dizendo é que os ministros fura teto podem levar o presidente ao impeachment por improbidade administrativa, gastar mais do que é permitido por lei. Esperamos que o presidente recue dessa decisão “, afirma a senadora, que diz ter ficado “abatida” com a situação.
A preocupação com o teto de gastos aumentou após Paulo Guedes afirmar, na terça-feira, 11, que auxiliares estariam aconselhando Bolsonaro a “furar” o teto de gastos, o que na visão do ministro estaria levando o presidente para uma zona de impeachment. Sem citar nomes, Guedes disse que não apoia “ministros fura teto”. “Não haverá nenhum apoio do Ministério da Economia a ministros fura-teto. Se tiver ministro fura-teto, eu vou brigar com o ministro fura-teto”, afirmou. “Os conselheiros do presidente que estão aconselhando a pular a cerca e furar teto vão levar o presidente para uma zona sombria, uma zona de impeachment, de irresponsabilidade fiscal. O presidente sabe disso, o presidente tem nos apoiado”, afirmou o ministro em entrevista, o que aumentou a preocupação de investidores e parlamentares como a senadora.
Kátia Abreu ressaltou que, no momento, o mais importante é pensar em maneiras de garantir que “as pessoas possam continuar vivendo” durante esse período de pandemia, defendendo a necessidade de priorizar discussões sobre a prorrogação do auxílio emergencial, para depois discutir outros gastos dos ministérios. “Nesse momento, temos que ser como aquele pai que diz para o filho que não pode gastar, mesmo que o pedido seja justo. A infraestrutura é super importante, mas neste momento de pandemia nós temos que, de forma pragmática, pensar nesse auxílio emergencial prorrogado e colocar as duas reformas no tabuleiro para serem discutidas. A obrigação do presidente, nesse momento, é sinalizar para a população que ele veio e está com a intenção de colocar o Brasil nos trilhos”, diz a senadora em entrevista ao Jornal da Manhã, reforçando a necessidade de um posicionamento do governo.
Ao ser questionada sobre os impactos da saída do secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel, para o andamento da reforma administrativa, a Kátia Abreu defendeu que diferentes projetos já estão tramitando no Congresso, minimizando possíveis prejuízos. O anúncio da saída de Paulo Uebel foi feito na terça-feira, 11, juntamente com o pedido de demissão do secretário especial de Desestatização e Desinvestimento, Salim Mattar. Em entrevista coletiva, o ministro Paulo Guedes afirmou que ambos estavam insatisfeitos, sendo o motivo da insatisfação de Uebel, justamente, a falta de tramitação da reforma administrativa.
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